Archive for 09/13/11


Duplas sertanejas formadas por homem e mulher (Foto: G1)
Em vez da ode à dor de cotovelo de hits passados ou da festa proposta pelo sertanejo universitário, os novos hinos do sertanejo rosa possuem outras prioridades. Em canções como “Tchau, tchau” e “Ai que dó”, moças cantam que não estão mais dispostas a sofrer por rapazes. Duplas formadas por homem e mulher como Thaeme & Thiago, Juliani & Bruno e Thalyssom & Tarsila capricham em letras afiadas nas quais espezinhar é pouco (veja quadro ao lado).
Pioneiros no formato, Maria Cecília e Rodolfo eram colegas de sala quando cursaram Zootecnia em Campo Grande (MS), em 2005. A dupla saiu dos corredores da faculdade para os barzinhos em 2007. Os dois trancaram o curso no último semestre, após serem reprovados por faltas. “Eu me sinto lisonjeada de ter puxado essa fila", diz Maria Cecília, que cita Cascatinha & Inhana e Wilson & Soraia como precursores.
Ela concorda que as garotas parecem se identificar com os versos que canta. “Mulher falando para mulher é mais fácil, a gente se entende. Não é legal uma mulher falar que vai sair bebendo, ir dormir na praça. Isso não tem nada a ver com a gente. Conseguimos atingir um público porque temos uma linguagem da moçada, mas impondo respeito. A gente não tem que se igualar com os homens. Tem que tirar um sarro dos caras”, explica a cantora.
Ainda sem tanto tempo de estrada, Thaeme & Thiago começaram a fazer shows no mês passado. O duo é produzido pelo cantor e compositor Sorocaba, que forma dupla com Fernando e abastece Luan Santana de sucessos. “Foi uma decisão dele cantarmos um sertanejo pop, mais voltado para Lady Antebellum, Taylor Swift. Eu curtia, mas não me imaginava cantando. Minha introdução ao mercado sertanejo foi muito suave”, explica Thaeme Marioto, 25 anos, vencedora da edição de 2007 do reality show "Ídolos".
Para ela, essa onda de casais sertanejos começou com Maria Cecília e Rodolfo. “Estavam faltando outras duplas assim. Tinha muito espaço vago. São várias duplas com homens e só uma com homem e mulher.” Ela garante que ter uma mulher como primeira voz faz toda a diferença. “Nosso papo é diferenciado e a mulherada canta muito mais nos shows. O homem geralmente apronta e a mulher ficava sofrendo igual uma besta. Nossas músicas falam que a mulher deu a volta por cima. Elas se identificam”, diz Thaeme.
Maria Cecília com Rodolfo ao fundo: pioneira na nova leva de duplas com homens e mulheres (Foto: Divulgação/Site oficial)Maria Cecília e Rodolfo: pioneira na nova leva de duplas com homem e mulher (Foto: Divulgação/Site oficial)
A história de Thaeme & Thiago é bem parecida com a de Juliani & Bruno. A catarinense Juliani Fernandes, 22 anos, foi finalista do programa “Ídolos” e resolveu ter Bruno como parceiro de palco por causa da indicação do produtor Marco Camargo, jurado do programa que a revelou em 2010. Para ela, sempre houve a vontade do público de ouvir mais vozes femininas no sertanejo. “O preconceito foi embora”, explica Juliani, que canta “Firework”, de Katy Perry, nos shows. “A mulherada estava sentindo falta de ser valorizada. No show, enche de mulher. Os homens adoram isso, claro. A festa fica mais divertida se está cheia de mulher.”

Sem o auxílio de um produtor, or irmãos Adson & Alana cantam juntos há 11 anos. Começaram com a banda Sinfonia, mas perceberam que teriam melhor sorte como duo. Deu certo. Foram finalistas do quadro Garagem do Faustão, em 2010. “Antes, a música sertaneja era diferente. As músicas são mais sobre mulher esnobando homem. Não cantamos mais letras tão amorosas. Mudamos aquela visão de culto ao sofrimento no amor”, atesta Alana.
via G1

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