Archive for 05/30/12

Dorival Caymmi, Tom Jobim, Luiz Gonzaga, o maestro Rogério Duprat e até Jimi Hendrix foram alguns dos ilustres convidados para a festa promovida por Gilberto Gil no palco do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, na noite desta segunda-feira (28). Prestes a completar 70 anos, o músico baiano reverenciou seus ídolos de maneira póstuma ao mesmo tempo em que releu alguns clássicos de seu próprio cancioneiro ao longo do emocionante show comemorativo "Concerto de cordas e máquinas de ritmo", que realizou junto da Orquestra Petrobras Sinfônica.


O projeto faz parte da série MPB & Jazz, idealizada pelo maestro Wagner Tiso e pela produtora Giselle Goldoni Tiso. Criada há oito anos, já homenageou gente como Paulinho da Viola, Edu Lobo, Guinga, Noel Rosa e Ataulfo Alves, entre outros. Em 2012 foi a vez de Gilberto Gil, que aproveitou a ocasião e recrutou o diretor Andrucha Waddington para filmar o espetáculo, que vai virar DVD pela Conspiração Filmes.

Sob a regência de Carlos Prazeres e Jaques Morelenbaum, a orquestra deu atmosfera grandiosa aos clássicos "Saudade da Bahia" e "Outra vez", de Caymmi e Jobim, respectivamente. E valorizou a obra do cantor baiano. As baladas "Estrela" e "Quatro coisas" (esta última em homenagem à esposa, Flora) ficaram ainda mais delicadas; "Domingo no parque" aproximou-se de sua versão original, gravada junto dos Mutantes e com arranjos do maestro Rogério Duprat (1932-2006) em 1967; "Oriente", que em 1972 foi lançada no formato "voz e violão", ganhou tom solene e dramático. No total, foram 13 as canções orquestradas, dentre elas a inédita "Eu descobri".

Mas Gil também fez bonito quando cantou acompanhado apenas da banda formada por Morelenbaum (violoncelo), Nicolas Krassik (violino), Bem Gil (violão) e Gustavo di Dalva (percussão). Foi o caso de "Juazeiro" (de Gonzagão e Humberto Teixeira), "Eu vim da Bahia" e "Up from the skies", de Jimi Hendrix. Também com a banda tocou a outra inédita da noite, "Futurível".


"Compus essa canção na cela de uma cadeia, como diz uma certa música de Caetano Veloso", disse Gil, relembrando os tempos em que esteve preso e como ficou surpreso ao ser gentilmente atendido depois de pedir um violão a um militar na prisão.

O baiano tamém ousou em alguns momentos. Em "Lamento sertanejo", parceria com Dominguinhos, foi acompanhado somente pelo cello de Morelenbaum, além de seu próprio violão. Citou "Ponteio" (Edu Lobo), grande vencedora do III Festival de Música Popular Brasileira da TV Record, durante "Expresso 2222". E lançou-se a capella, batendo nas costas do instrumento, em uma sinistra versão para "Não tenho medo da morte".

'Judiação'


Ao fim do espetáculo — exibido em telões montados do lado de fora do teatro, na Rua Treze de Maio —, o cantor se disse satisfeito com o próprio desempenho, além das performances dos músicos e da plateia. "Esse entusiasmo que eu tenho com a música ficou muito evidente. A orquestra estava impecável, e o público estava receptivo, atento. Foi um show muito bom e uma noite muito interessante", destacou o cantor durante um rápido bate-papo com alguns jornalistas.
 
Gil lamentou apenas a dura tarefa de cortar músicas do repertório final, como "Esotérico" e "Seu olhar". "Ah, meu filho, são 500 e tantas músicas que precisei espremer num repertório de 20 canções. É uma judiação, né?"

Sobre a experiência de se apresentar com uma sinfônica, descreveu: "Orquestra tem aquela variedade de cores que remetem a situações, a paisagens naturais e humanas. Tem um peso enorme na formação cultural do planeta. As orquestras são maiores do que os parlamentos", brincou o cantor.

O guitarrista e cantor americano Doc Watson, vencedor de sete prêmios Grammy e pioneiro do folk e do bluegrass nos Estados Unidos, morreu nesta terça-feira aos 89 anos em um hospital da Carolina do Norte (EUA), informou a "CNN".

Watson morreu enquanto tentava recuperar-se de duas complicadas operações no cólon que foram realizadas na semana passada, segundo informou à emissora Mary Katherine Aldin, porta-voz da fonográfica do músico, a Folklore Productions.

Doc Watson é citado frequentemente pelos músicos de folk como influência, devido a sua mistura de bluegrass, blues, country e gospel.

O guitarrista era deficiente visual e começou carreira na década de 1960 com gravações como "Deep river blues" e "Shady grove".


Não fosse pelo público, o show em tributo à Legião Urbana, promovido pela MTV nesta terça-feira (29), no Espaço das Américas, em São Paulo, teria sido um ensaio razoável. A começar pelas inúmeras falhas no som, microfonia e instrumentos desafinados – Dado Villa-Lobos tocou mais de três músicas com a guitarra fora de compasso. Na introdução de “Pais e filhos”, Marcelo Bonfá até pediu “Gente, vamos começar de novo”.

Wagner Moura compensou a baixa qualidade vocal com muito suor, dedicação e performance. Correu pelo palco, chorou, deitou e se jogou no chão, pulou e requebrou. Visivelmente emocionado, incorporou os tremeliques característicos de Renato Russo, mas se apresentou como fã da banda por inúmeras vezes. “É um dos momentos mais incríveis da minha história. Essa banda mudou minha vida”, disse antes de cantar “Andrea Doira”, sua música preferida do repertório da Legião, ao lado de Fernando Catatau.

 Apesar do clima de ensaio, o público respondia com entusiasmo ao pedido de feedback de Moura: “Está tudo bem?” Fiel, a plateia cantou todas as músicas – o que ajudou a abafar a voz por vezes embargada do ator – e pareceu sensibilizada com a entrega dos músicos no palco. Quando desceu ao fosso para cantar “Ainda é cedo” ao lado dos fãs, Wagner Moura teve a camiseta rasgada.

Participações

Foram 28 músicas em mais de duas horas de show, transmitido ao vivo pela MTV.  Às 22h10 Wagner Moura, Marcelo Bonfá e Dado Villa-Lobos, acompanhados por Rodrigo Favaro (baixo), Caio Costa (teclado e arranjos) e Gabriel Carvalho (violão) abriram a apresentação com “Tempo perdido”, música que foi trilha sonora de dois filmes em que Moura é protagonista – “O homem do futuro” e “VIP”.
No tributo, mostraram ao vivo pela primeira vez duas músicas do álbum “A Tempestade ou o Livro dos dias”, lançado em 1996 – e o último de Renato Russo . Em “Via láctea”, composição que deixa claro o sofrimento e a tristeza do ex-vocalista, já bem doente na época, Dado deitou no chão do palco e tocou olhando para as imagens do céu projetadas no teto.

Em “Geração Coca -Cola”, Dado e Bonfá, sem Wagner, apresentaram uma versão acústica da canção, e contaram com o reforço da gaita do multi-instrumentista Clayton Martin. A homenagem à Legião Urbana ainda teve a participação de um naipe de cordas em "Monte castelo", além de Andy Gill, do grupo Gang of Four, com Bi Ribeiro na dobradinha “Damaged Goods” e “Ainda é cedo”. Dado apresentou o convidado internacional como o responsável pela sua carreira como músico. “Ele foi a grande inspiração para que eu me tornasse um guitarrista.”

Gill também não poupou os afagos: “É uma honra estar aqui. Eu fazia música a mais de 10 mil quilômetros de distância e não tinha ideia que minhas canções chegavam ao Brasil. Quando descobri a Legião Urbana, senti sintonia”.

A apresentação foi encerrada com “Será”, música que o público já tinha cobrado antes de primeiro bis. Chorando, Dado, Wagner e Bonfá deixaram o palco com a plateia clamando por “Faroeste Caboclo”.
Wagner Moura deu o recado inúmeras vezes durante a apresentação: “Essa é talvez a última vez que vocês vão ver o Dado e o Bonfá cantaram juntos, esse repertorio.” O segundo show do tributo acontece nesta quarta-feira (30), às22h, no Espaço das Américas, em São Paulo.

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