Archive for 10/18/12


Até o final deste ano, Porto Alegre vai receber uma dezena de shows para todos os gostos. Confira a lista de algumas das principais atrações e organize-se:
19/10 – Alexandre Pires
19/10 – Diogo Nogueira
20/10 – Toquinho e João Bosco
29/10 – Robert Plant
1º/11 – Maná
08/11 - Vive la Fête
9/11 – Slash
13/11 - Lady Gaga
14/11 - Kiss
20/11 – Joss Stone
20/11 - Black Label Society
26/11 – Creed
4/12 – Tony Bennett
9/12 – Madonna
12/12 – Norah Jones

Até o final deste ano, Porto Alegre vai receber uma dezena de shows para todos os gostos. Confira a lista de algumas das principais atrações e organize-se:
12/12 – Norah Jonesos para o show da Madonna em dezembro foram dos mais disputadosFoto: Tadeu Vilani / Agencia RBS


Adormecido desde 2005, o Barão Vermelho volta aos palcos para celebrar o aniversário de 30 anos do primeiro disco da banda, lançado em 1982. No projeto inicial, planejado pelos músicos Roberto Frejat, Guto Goffi, Fernando Magalhães, Rodrigo Santos e Peninha, com a participação do Mauricio Barros – da formação original –, seriam 30 shows gratuitos pelo Brasil. Nenhuma empresa abraçou financeiramente a causa, e eles resolveram bancar a festa. Para isso, reduziram o tempo da turnê "+ 1 Dose". A estreia será no Rio, no dia 20 de outubro, na Fundição Progresso, depois segue pelas principais capitais do país até março de 2013.

Em entrevista , Roberto Frejat, guitarrista da banda e voz do Barão desde a saída de Cazuza, em 1985, comenta a seleção do repertório comemorativo, que deve contemplar os 15 discos do grupo, com um set list de 23 músicas e um punhado de hits. “Esse show é tipo Carnaval, é bunda-lê-lê total, vamos pra festa e ninguém é de ninguém", brincou.

Além das apresentações, a banda lança o disco de 1982 remasterizado, e com uma faixa inédita. (Escute trecho da canção, divulgada na reportagem do Fantásico.) A música “Sorte e azar” foi encontrada com a voz de Cazuza em fitas dos arquivos da Som Livre. “Sempre soubemos que ela estava lá [a fita com a gravação original], mas não sabíamos qual o grau de finalização que ela tinha. Se o Cazuza tinha cantado até metade, se o ‘take’ estava bom ou não. E estava ótimo, só achamos que a sonoridade era a do grupo de 30 anos atrás. E essa música podia ter um potencial muito maior. Com uma voz dele muito bem cantada, uma letra linda, se fizéssemos um arranjo novo, com toda a vivência que nós temos, a gente pode levar essa música além. E acho que ela foi muito além do que era", defende Frejat. Confira a entrevista:

Como surgiu a ideia da turnê comemorativa?
Frejat – Na verdade, há dois anos nós tentamos nos planejar pra essa turnê comemorativa dos 30 anos do nosso primeiro disco. Preparamos todo o projeto, que inclusive foi aprovado pela Lei Rouanet. A ideia era fazer 30 shows, todos gratuitos. Mas não conseguimos apoio de nenhuma empresa brasileira, e acabamos demorando um pouco pra decidir fazer essa comemoração, e optamos por comemorar com nossas próprias pernas. Então estamos fazendo uma turnê mais curta, que começa agora, no dia 20, e vai até 31 de março de 2013, e deve cobrir as principais capitais do Brasil.

Quando vocês encontraram o áudio da música 'Sorte e azar'?
Frejat –  O disco está sendo relançado, remixado e remasterizado agora com uma faixa nova. Uma canção que tinha ficado inédita nesse primeiro disco, com uma voz do Cazuza que a própria formação original que gravou aquele disco, se encontrou e fez um arranjo novo para aquela voz. Remixar é tratar faixa por faixa. Não estamos mexendo na performance, mas na qualidade sonora do disco. E como temos cada canal independente, simplesmente descobrimos essa música. Não sabíamos se ela tinha ficado completa, se o Cazuza tinha gravado ela, se ele tinha cantado do começo ao fim. E ela estava lá e muito bem cantada. Resolvemos fazer um arranjo novo, numa sonoridade mais contemporânea, mas com a voz dele da época. E ficou linda. Modéstia à parte, ficou linda.


Como foi essa descoberta?
Frejat – A Som Livre não achou nada, quem achou foi a gente. Sempre soubemos que ela estava lá [nos arquivos], mas não sabíamos qual o grau de finalização que ela tinha. Se ele tinha cantado até metade, se o ‘take’ estava bom ou não. E estava ótimo, só achamos que a sonoridade era a do grupo de 30 anos atrás. E essa música podia ter um potencial muito maior. Com uma voz dele muito bem cantada, uma letra linda, se fizéssemos um arranjo novo, com toda a vivência que nos temos, os quatro, a gente pode levar essa música além. E acho que ela foi muito além do que era. Foi no momento de copiar, digitalizar as fitas. A Som Livre nos deu acesso a essas fitas. E ali descobrimos. Foi no meio do ano passado, todos ouvimos os papos de estúdio, foi um momento muito emocionante para nós.

O Barão está há cinco anos distante dos palcos. Como está sendo o reencontro para os ensaios? É mais difícil agora do que já foi?
Frejat – Estamos ensaiando. Nada, a gente adora tocar junto, é uma delícia. Lógico que tem todo um processo de recondicionamento motor para as coisas. Lembrar as letras, como são as músicas. Mas o barato de tocar junto, e do entendimento, é muito fácil. Tocamos juntos durante muito tempo, é muito gostoso isso.

Pretendem fazer alguma homenagem especial para o Cazuza nos shows?
Frejat – Isso acontece naturalmente. O nosso repertório tem vários momentos de homenagear ele, a gente teve isso no decorrer dos anos. Qualquer pessoa que foi assistir ao show do Barão nesses últimos anos, em nenhum momento nos viu tentando esconder a presença do Cazuza na nossa história. Ele sempre esteve presente e vai continuar, a gente fez muita coisa bonita junto, que é importante para a história do grupo. E é uma coisa natural pra banda, a gente não precisa forçar nada, nem se preocupar com isso. No show anterior eu cantava uma música em dueto com ele, mas nesse show não teremos isso porque seria redundante.

Como será o repertório da turnê?
Frejat – O disco é privilegiado, mas o repertório atende a todos os discos. Tem músicas de todos os nossos 15 discos. Repertório muito forte de sucesso, e ao mesmo tempo, músicas que o público de show sempre gostou. São 23 músicas, mas os shows nunca serão iguais porque temos uma quantidade muito grande de músicas. A gente começou a fazer uma seleção e parou em 46. Daria para fazer dois shows de 23, mas teria que assistir duas vezes o nosso show. Cada pessoa veria uma apresentação diferente. Aí não daria. Então tentamos ser sintéticos. Lógico que com 30 anos não dá para ser muito sintético, mas tocaremos músicas de todos os discos, paramos em 23 músicas, fora o bis, e nessas se revezam umas 37 canções. Dificilmente faremos um show igual ao outro.

Existe uma cobrança dos fãs para esse retorno?
Frejat – Acontece naturalmente. Pra gente é um elogio, um motivo de orgulho, mas a vida anda pra frente, a gente não pode ficar dependendo só da expectativa do público. No caso de uma trajetória artística, você tem que se pautar muito pelas tuas necessidades de expressão.

É possível afirmar que Barão nunca vai acabar, será sempre um projeto paralelo de todos vocês?
Frejat – Eu não sei dizer, não gosto nem de pensar nessa questão do futuro. É uma banda que tem essa possibilidade da gente celebrar nossa história durante bastante tempo. Na minha opinião, nós temos uma obra muito bonita, que o público gosta, e sempre que a gente sentir uma demanda para um motivo de celebração isso pode vir a acontecer. Mas o Barão não é uma prioridade na vida de nenhum de nós. Ele passa a ser a partir do momento em que a gente se reúne. Aproveitem enquanto podem!

O show da sua turnê 'A tal da felicidade', você define como um 'festeiro', quase uma 'sessão de analise'. E esse do Barão, como você classifica?
Frejat – É a bagunça total, a grande festa. É um repertório que só tem hit do começo ao fim, e ele remete a muitas décadas. O Barão é uma banda que atravessou várias gerações, é muito curioso. É diferente porque é um show muito mais rock do que o meu. Eu me considero um artista pop. Tem uma influência forte do rock no meu trabalho, mas ele tem uma abordagem mais pop. E esse é um show de rock and roll.

Sente saudade, precisa beber dessa fonte?
Frejat – Precisar eu não preciso porque já tenho isso na minha essência. Mas não é nenhum esforço, nenhuma tortura, não. Esse show é tipo Carnaval, é bunda-lê-lê total, vamos pra festa e ninguém é de ninguém.

Quem são os fãs do Barão hoje? A geração mais jovem talvez tenha o filme 'Cazuza' como uma das principais referências do que foi o Barão.
Frejat – Mais ou menos. Muita gente conhece o Barão sem o Cazuza. Muita gente não tem a referência da Banda com o Cazuza. Mas eu acho que temos três ou quatro gerações seguidas. Estamos falando [entre os músicos] que os netos vão levar os avós nesse show. Antigamente os pais levavam os filhos, agora os netos vão levar os avós.

O filme retrata uma pessoa, e não exatamente a banda e o rock da época. É confortável pra você a imagem que ficou para essa geração? E a sua imagem propriamente dita?
Frejat – Não, a minha imagem no filme eu não gosto definitivamente. Eu acho que ele retrata muito a figura pessoal do Cazuza e não o artista. Nesse sentido o lado artístico dele foi muito pouco privilegiado no filme. Eles usaram um artificio de roteiro meio previsível e padrão, de que tem que ter um protagonista e um antagonista. E como ele era o protagonista, eu virei o antagonista. E a nossa relação não era assim. Então fica a desejar. Eu acho que Cazuza merece um documentário como o do Vinicius [de Moraes, dirigido por Miguel Faria Júnior, lançado em 2005].

  Você tem vontade de encabeçar esse documentário, um projeto desse tipo?
Frejat – Eu não, não sou cineasta. Mas se tiver [alguém disposto] eu acho que ele merece muito.

Não é algo que você tenha vontade de mostrar o lado correto, defender sua versão, apenas incomodou?
Frejat – A vida tem coisas bem mais sérias do que ficar preocupado com o filme.

Você é recordista de participações no Rock in Rio. O Barão está escalado pro evento em 2013?
Frejat – Não porque eu provavelmente vou estar fazendo isso no ano que vem.

Em recente entrevista, o Nasi, ex-vocalista do Ira!, disse que não existem mais bandas de rock boas no Brasil. E que faltam poetas como o Cazuza. Como você avalia o cenário do rock nacional?
Frejat – Eu jamais sentencio uma geração. Toda geração tem sua música, e seus símbolos. Eu acho só que o rock hoje passou a ter um sentido muito confuso de deturpado para o público, por isso que é difícil perceber numa banda de rock o mesmo espirito de antigamente, mas a culpa não é do artista, é dos tempos. O sistema conseguiu, de uma certa maneira, ser muito rápido no sentido de assimilar qualquer manifestação de inquietação e agressão. Ele rapidamente consegue absorver isso e transformar na própria arte. E o rock and roll foi durante muito tempo esse símbolo do conflito, da inquietação, do não conformismo. Isso hoje você já não consegue representar tão facilmente. Pode até existir dentro do rock, mas rapidamente vai ser assimilado, ou confundido, deturpado pelo sistema. Ele perdeu muito desse sentido. Mas tem muita gente que continua fazendo música muito boa, eu adoro. A Pitty eu acho uma grande roqueira, como acho o pessoal do Cachorro Grande também. Hoje, mesmo no rock internacional, os nomes de grandes sucessos, a maioria particularmente não me agrada. Eu estou mais próximo do rock alternativo. Gosto do Wilco [banda de rock alternativo de Chicago] e do Jack White eu gosto de tudo que ele faz.

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