Archive for 11/08/09

Decano do punk se apresentou neste sábado (7) em São Paulo.
Festival ainda teve Sonic Youth, Primal Scream e Maxïmo Park.

Amauri Stamboroski Jr. Do G1, em São Paulo

Iggy Pop, destruindo tudo. (Foto: Flavio Moraes / G1)

Quando a Iguana do rock Iggy Pop saiu do palco com as calças caindo e as nádegas à mostra neste sábado (7) no Playcenter, uma das noites mais disputadas para os fãs de rock em São Paulo chegava ao fim. O Festival Planeta Terra ainda teria mais uma apresentação (o duo Brasil-EUA N.A.S.A) e uma dupla de DJs, mas um dos maiores destaques da noite, pela terceira vez no país, deixava o palco perto da hora em que, do outro lado da cidade, Perry Farrell e seu Jane's Addiction fechavam o outro festival importante da cidade, o Maquinária.

 

Veja mais fotos do Festival Planeta Terra

Lenda viva do rock, Iggy fez uma noite onde foi a principal estrela, ao lado do Sonic Youth. Sem camisa, desfilava sua pele um tanto flácida e sua nova barriga de um lado ao outro do palco, com um repertório que começou concentrado em seu disco "Raw power", de 1973 e que acabou com hits da carreira solo e da fase inicial com o Stooges.

Antes de tocar "Loose" (e depois de ter cantado clássicos como "Raw power" e "Search & destroy"), convocou os fãs para o palco, que atenderam prontamente ao pedido. Com uma multidão de quase cem pessoas lotando o espaço, se divertia sem preocupações. Quando chegou a hora do público voltar para a pista, pausa e solo de sax de Steve Mckay, enquanto a segurança tentava expulsar os mais aguerridos.

De repente irrompe uma briga enquanto um fã mais afoito tenta agarrar Iggy, e os seguranças em volta o nocauteiam – mas o cantor não se importa muito com o caos, e segue o barco. Na frente do palco, mais confusão, inclusive entre seguranças e fotógrafos. Alguns dos feridos foram encaminhados à enfermaria, que diz ter registrado em torno de 140 atendimentos durante o festival, sem nenhuma gravidade.

A banda deixa o palco depois de "I wanna be you dog", hit undeground do primeiro álbum os Stooges, só para voltar com um bis de luxo, com faixas da carreira solo do cantor, como "The passenger" e "Lust for life".

Mas Iggy não foi a única lenda do rock em um festival que escolheu novos artistas menos expressivos para seu palco paralelo – em 2008, foram Animal Collective, Spoon e Breeders, contra Metronomy, Ting Tings e Patrick Wolf em 2009.

 

Sem hits


Sem tocar hits, o Sonic Youth brilhou de baixo de uma forte chuva. O set list da banda novaiorquina foi baseado em "The eternal", seu mais recente disco. Com o reforço do Pavement Mark Ibold no baixo, o grupo liderado pelo casal Kim Gordon e Thurston Moore encharcou de distorção e microfonias o estacionamento do Playcenter. 

 Foto: Flavio Moraes / G1 Foto: Flavio Moraes / G1

Kim Gordon do Sonic Youh - cabelos esvoaçantes. (Foto: Flavio Moraes / G1)

Entre as 16.200 pessoas presentes, os fãs dos decanos do indie compareceram em peso – a imagem de camiseta mais popular em todo o festival era a estampa com a capa do disco "Goo", de 1991 – e não se intimidaram com a chuva. Surgiam capas, sombrinhas, lenços e até sacos plásticos amarrados na cabeça, tudo para não perder o show. Quando os roadies vieram à frente para secar os pedais de efeito, Thurston brincou: "Não precisa secar não, eu gosto quando eles ficam molhados".

Se o indie é o novo classic rock, o Sonic Youth é o novo Rolling Stones, com gás e inspiração, mas sem fazer concessões – ou seja, nada de suas "Satisfactions" ("100%", "Sugar kane") no repertório. Ainda assim, ensaiaram tocar "Teen age riot" perto do final do show e fecharam a apresentação com a quase tradicional Jam barulhenta m "Death Valle '69".

Ainda no palco principal, os também veteranos do Primal Scream pareciam realmente na hora da aposentadoria no seu show quase burocrático. Fleumático e com uma camisa de oncinha com as mangas mais longas do que seu blazer preto, o líder Bobby Gillespie para duas vezes "Xtrmntr" e acaba desistindo de uma vez. O show é morno, e a banda não parece se esforçar nem em hits como "Rocks".

Completando a escalação do palco principal, Maxïmo Park chegou ao país com seu pós-punk roqueiro e cheio de refrões com quase cinco anos de atraso. Os brasilenses do Móveis Coloniais de Acaju, ainda de dia, botaram o público para pular, e o Macaco Bong abriu as atividades com seu poderoso rock instrumental.

 

Palco dançante


Mais dançante, o palco 2, ao lado do "Castelo do terror" fechou com o N.A.S.A., cria do DJ brasileiro Zé Gonzales (ou Zégon) com Sam Spiegel (também conhecido como "irmão do diretor Spike Jonze"). Sem ter quem fazer a voz dos artistas do seu disco de estreia, a dupla contou com duas modelos de maiô e cobertas de tinta dourada para dançar na frente do palco.

Antes o Ting Tings tocou também tocou com estrutura enxuta – só o casal Katie White e Jules de Marino para, com o auxílio de bases pré-gravadas, mandaram hits como "That´s not my name". Uniformizados, os membros do Metronomy fizeram de sua fusão entre dance e rock uma arma para conquistar quem havia fugido do Sonic Youth.

De maquiagem pesada, o britânico e multiinstrumentista (do teclado ao violino e guitarra) Patric Wolf parecia um pequeno elfo, saído de um conto de fantasia. Os brasileiros do Copacabana Club sofreram com o som baixo, mas ganharam no carisma da vocalista Cacá, vestida como se fosse Karen O (Yeah Yeah Yeahs), de collant e luvas compridas. Antes ainda veio o Ex!, prejudicado por tocar dance com o sol alto demais para o público acostumado aos clubes noturnos.

Se a escalação do Planeta Terra está longe de ser a mais original e celebrada (alguns dos artistas principais estavam pela terceira vez no Brasil), a organização é diga de nota. Aproveitando bem a estrutura do parque de diversões Playcenter (com direito à entrada gratuita nos brinquedos para os frequentadores do festival), foi um dos poucos casos recentes onde um festival melhorou a sua cara.

Festival teve ainda Jane's Addiction e Deftones no sábado (7).
Panic At The Disco e Evanescence tocam neste domingo (8).

 Do G1,

Mike Patton se apresenta em São Paulo à frente do Faith No More. (Foto: Daigo Oliva / G1)

Quando Mike Patton surgiu no palco do Maquinária, na noite de sábado (7), vestindo terno vermelho e segurando um guarda-chuva ao som da balada "Reunited", sucesso do R'n'B na década de 70, ficou claro que a primeira noite do festival na Chácara do Jockey, em São Paulo, seria do Faith No More. A banda norte-americana não tocava no Brasil desde 1995, e em seu retorno ao país com a turnê "The Second Coming" trouxe a um público de aproximadamente 24 mil pessoas músicas de diversas épocas, incluindo clássicos como "Last cup of sorrow", "Epic" e "Midlife crisis".

 

Veja fotos do primeiro dia do festival Maquinária

Com os cabelos penteados para trás, no melhor estilo cafajeste, Patton mostrou todo o seu alcance vocal ao longo de pouco menos de duas horas de apresentação, com direito a agudos, grunhidos, "tosse" e gritos com o microfone entre os dentes – mas sem deixar de lado o vozeirão de tenor em diversos bons momentos. Presença garantida no repertório do grupo, as versões foram além de "Reunited" e da balada "Easy", do Commodores. No segundo bis, Mike Patton evocou Burt Bacharach com "This guy's in love with you". "Digging the grave" encerrou o show com o peso merecido, na esteira de outras pedradas, a exemplo de "We care a lot", "Be agressive"e "Out of nowhere". 

 

Amparado pelos músicos Mike Bordin (bateria), Roddy Bottum (teclados), Billy Gould (baixo) e Jon Hudson (guitarra), o vocalista soltou a voz e o verbo em (quase sempre) bom português. Conversando com a plateia frequentemente, Patton comentou sobre a chuva que insistia em cair durante a apresentação do FNM, agradeceu diversas vezes e avisou, perto do final, que depois todos iriam para casa: "Estamos velhos".

O toque irônico e meio fanfarrão ficou por conta do encerramento da primeira parte. Após uma versão épica de "Carruagens de fogo", a banda emendou a climática "Stripsearch". A canção terminou com uma saraivada de palavrões, enquanto o vocalista passava o microfone para os fãs mais próximos da grade na pista vip, para que o ajudassem com as palavras de baixo calão, enquanto exibia um distintivo de policial aos seguranças.

Na passagem do Faith No More pela capital paulista também não faltaram homenagens ao Brasil. Além da já clássica parte em que o grupo exibe a bandeira verde e amarela, Mike Patton cantou a faixa "Caralho voador", em ritmo de bossa, e apresentou "Evidence" em português – canção que foi dedicada por ele ao personagem Zé do Caixão. 

 

Jane's Addiction e Deftones

 

A abertura para o show do FNM não poderia ter sido mais acertada. O guitarrista Dave Navarro e o vocalista Perry Farrell são as grandes estrelas do Jane's Addiction, que cumpriu com propriedade a missão de esquentar o público em sua primeira apresentação no Brasil. A banda, que já havia se separado duas vezes antes, voltou a se reunir recentemente com o baixista original, Eric Avery, e o baterista Stephen Perkins, que toca com o grupo desde 1986. 

 Foto: Daigo Oliva / G1 Foto: Daigo Oliva / G1

O guitarrista Dave Navarro e o vocalista Perry Farrell, do Jane's Addiction. (Foto: Daigo Oliva / G1)

Como um Ney Matogrosso do rock, Farrell serpenteou pelo palco vestido em seu macacão dourado com a cintura marcada. Provocou Navarro dando tapinhas na bunda do guitarrista e rebolou com duas dançarinas seminuas. Mas o show do Jane's Addiction vai muito além da encenação. Se o líder continua bom de performance, assim permanece a sua voz e a pegada dos outros integrantes.

Com repertório composto por músicas de seus dois primeiros discos – "Nothing's shocking"(1988) e "Ritual de lo habitual" (1990) – a banda formada em Los Angeles não perdeu o fôlego em mais de uma hora de show, começando com "Up the beach" e terminando com "Chip away". Grande parte do público se animou mesmo com "Been caught stealing", mas outras canções fizeram a alegria dos fãs, como "Stop!", "Ocean size", "Three days" e "Jane says", esta última em versão com violões.

Ao Deftones coube a missão de tocar com o sol a pino, logo depois do Sepultura. A banda liderada pelo vocalista Chino Moreno agradou ao público com um vasto repertório, que teve "Feiticeira", "Head up", "Hole", "Hexagram", "Passenger", "Back to school", entre outras.

Ao contrário do que aconteceu no show do Radiohead, último grande evento musical ocorrido na Chácara do Jockey este ano, o público não teve problemas para sair do local, que recebe neste domingo (8) as bandas Duff Mckagan Load, Dir An Grey, Panic At The Disco e Evanescence.

Confira a programação completa do domingo (8):

Palco Principal
17h10 – Duff Mckagan Load
18h30 – Dir An Grey
19h50 – Panic At The Disco
21h30 – Evanescence

Palco MySpace
16h00 - Volantes
16h40 - Terceira Edição
18h00 - Silicon Fly
19h20 - Hori
20h40 - Danko Jones

Festival Maquinária

Quando: domingo (8) – abertura dos portões: 13h
Onde: Chácara do Jockey - Av. Pirajuçara, s/nº (altura do 5.100 da av. Francisco Morato)
Quanto: R$ 200 (pista) e R$ 450 (área vip)
Informações: www.maquinariafestival.com

Entradas:
Rua Santa Crescência : Deficientes físicos (pista comum e vip), Central de informações e Achados e Perdidos / Av. Pirajussara (pista) / Av. Monsenhor Manfredo Leite (vip)

Estacionamento:
O local não possui estacionamento. A organização aconselha o uso de táxi ou transporte público
Acesso para deficientes

Classificação etária:
Dia 8 - Menores de 14 anos: entrada permitida somente acompanhado dos pais ou responsáveis legais.
Não é recomendada a entrada de menores de 10 anos.

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