Dia do Rock

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Hoje é o Dia Mundial do Rock. Entre especiais de TV, comemorações e bebedeiras, vale a pena olhar prá trás e ver quanta historia já passou.

Dia 13 de julho é o dia mundial do ROCK! A data completa 25 anos hoje, o que configura um duplo aniversário, do rock e de seu próprio natalício. O Live Aid, concerto beneficente organizado por Bob Geldof em 1985, foi o evento escolhido para servir de marco para o gênero musical popular que nasceu, na verdade, na década de 1950.

O disco de Bill Haley and His Comets, “Rock Around the Clock”, lançado em compacto no dia 12 de abril de 1954 é considerado a primeira gravação de rock and roll da história. O gênero dançante se originava de uma aceleração do rhythm and blues com toques de folk music. Nessa época, o cenário pós-guerra na Europa e nos Estados Unidos suscitava na juventude uma urgência sem igual. Era preciso viver o hoje como se não houvesse amanhã, pois a qualquer momento, uma terceira e fatal guerra poderia eclodir.



Bill Haley and His Comets com o primeiro rock da história:



A dança erotizada e esquizofrênica do rock and roll contaminou milhões de adolescentes na América e desencadeou o surgimento de grandes “estrelas”. Era o nascimento da indústria cultural! Chuck Berry lançou uma penca enorme de canções de dois minutos com temas e riffs repetidos. Little Richard introduziu a popularidade do piano e antecipou o movimento que bombaria dali a vinte anos, o glamorous ou glam rock. Jerry Lee Lewis preferia as menininhas e, auto proclamado a “fera do rock”, acabou casando com uma prima de treze anos. E muitos outros vieram: Chubby Checker, Gene Vincent, Fats Domino, Carl Perkins, e finalmente, o “rei”: Elvis Presley, the pélvis!



Apadrinhado por um coronel, Elvis era o ídolo americano. Amoroso com a mãe, servente à pátria, bonitão, tingia os cabelos louros de preto para não ficar tão distante do universo blueseiro que o inspirava. A despeito da tez macia de Presley, o rock cinquentista abriu as portas para ídolos e sex symbols negros, Chucky Berry talvez tenha sido o maior deles.

elvis

Uma imagem pouco usual de Elvis louro nos anos 1950

Mas o primeiro compacto de Elvis, “That’s All Right Mama” foi o que encantou um menino órfão de mãe no outro lado do Atlântico. Paul McCartney se juntou a John Lennon por saber tocar e cantar todo a extensa letra de “Twenty Flight Rock”, de Eddie Cochran. Os Beatles vieram de Liverpool, cidade portuária empobrecida pela guerra, para a swinguing London, trazendo consigo gente como os selvagens Rolling Stones, mais tarde o Pink Floyd e o The Move com verdadeiras peças musicais de dez minutos.

No lado americano, o líder dos Beach Boys, pai do surf rock, já tinha embasbacado até os Beatles com o disco “Pet Sounds” e o compacto “Good Vibrations”, e já estava pirado de vez na batatinha. Jimi Hendrix, com uma pequena ajuda (financeira) dos amigos, ganhou o mundo, tomou todas, e morreu engasgado no próprio vômito. John conheceu Yoko Ono, cantou pela paz, pelo fim de outra guerra e inventou o peace and love rock.

Beach Boys e a suas “Good Vibrations”. Muito vocal, muita praia, e muita piração:





Em agosto de 1969, o grande festival de Wooodstock chegou para consagrar a confusão. Quatro dias numa fazenda no interior do Estado de Nova York reuniram Jefferson Airplane, Joan Baez, Santana (alguém da latinidade!), Greatful Dead, Creedance Clearwater Revival, o poderoso The Who, Janis Joplin, Neil Young (ainda com seu grupo de sobrenomes, Crosby, Stills, Nash & Young) e a memorável interpretação de Joe Cocker para “With a Little Help From My Friends”, de Lennon e McCartney. Em 1º de agosto de 1971, um ano após o fim dos Beatles, George Harrison realizou o primeiro concerto beneficente da história do rock, pelas vítimas de Bangla Desh, reunindo Eric Clapton – já saído do fenomenal e bagunçado Cream – e o incrível e ranzinza Bob Dylan. E voltamos para o ponto de partida!

A lendária performance de Joe Cocker no Woodstock:





O Live Aid de 1985 foi organizado em benefício das vítimas da fome na Etiópia e aconteceu simultaneamente em Londres e na Filadélfia reunindo Led Zeppelin, Black Sabbah, David Bowie, Phill Collins (já fora do Genesis), Duran Duran, e novamente ele: Bob Dylan. Dylan, aliás, curtiu a idéia e apareceu no mesmo ano no especial beneficente Usa for África junto com uma pá de cantores americanos em coro para o refrão de Michael Jackson e Lionel Ritchie: “We are the world, we are the children”.



Passada a pedreira do hard rock e do punk dos anos 1970, a década seguinte trazia um mundo novo. Ditaduras caíram na América Latina, a Alemanha estava uma confusão só,

e o Estado Soviético estava se cansando da guerra – que agora era fria. Guns and Roses e Bon Jovi, americanáços, competiam com vários e diferentes sotaques para a língua inglesa: REM, U2, Police, The Cure, The Smiths, Echo & the Bunnymen, Bauhaus, Jesus & Mary Chain, Men at Work, Midnight Oil. Ao mesmo tempo, um monte de bandas remanescentes do glam e voltando-se para as maravilhas da eletrônica, surgia o embrião da dance music, mas aí já é outra história.



No Brasil, os famigerados anos 80 foram o berço do Brock. Em busca de uma identidade nacional modernizada, bandas de Brasília, de São Paulo, do Rio, do Sul, e até do mangue! A Legião Urbana de Renato Russo virou febre e passou de uma cópia em português do Joy Division direto para a história da MPB. O rock foi politizado, e as gravadoras amaram, afinal, acabávamos de sair de um governo militar repressor e entupido de ié ié ié. Os Paralamas do Sucesso, Titãs, Hojerizah, e Lobão meteram pau na situação do Brasil. Cazuza, Barão Vermelho, falaram da vida nas cidades; e Ultraje a Rigor, Ritchie, Blitz, João Penca e Seus Miquinhos Amestrados, chutaram o balde com o besteirol sem fim! E depois?



A partir do final dos anos 1990, com a morte de Kurt Cobain, efêmero baluarte do rock tipo grunge, a indústria fonográfica começou a balançar as pernas e coleguinhas como o Pearl Jam começaram a tentar modelos alternativos de conquista de fãs. O Radiohead foi atrás dessa onda, o Oasis falou falou e no final das contas acabou brigando com todo mundo. Com a chegada do século XXI, parece que muitos mitos do velho rock and roll começaram a desmoronar, a começar pelos Ramones que, de tanto se chaparem foram morrendo um a um. Em 2006, o lendário guitarrista dos Rolling Stones Keith Richards apareceu na TV brasileira para falar do show em Copacabana e o repórter não pôde deixar de reparar nos dedos tortos e calejados, foi de horripilar! Em Londres, 2 de julho de 2005, o Pink Floyd se reuniu pela última vez no Live 8 (mais um concerto beneficente e comemorativo à memória do Live Aid, lembram?), já que em 2008, o tecladista Richard Wright morreu de câncer. O mesmo fez o Led Zeppelind em 26 de novembro de 2007, mesmo sem poder ressuscitar o fantástico baterista John Bonham, morto em 1980.



A reunião do Led Zeppelin em 2007:





Depois de muitos revivals e shows no Brasil, as grandes bandas da história do rock começam a revelar mais uma reviravolta na indústria da música. A internet, o download, e o Guitar Hero trazem uma nova cultura de escuta que, na verdade, tem como ponto de partida os grandes nomes e hits do rock. A garotada que nasceu quando o Nirvana já era coisa do passado tem suas bandas, suas esquisitices e deprês, mas também ouve em todo canto algum sucesso de Robert Plant e Jimi Page. É claro que é muito raro o ritual de tirar o LP do plástico, colocar de vagarzinho a agulha e sentar no chão com os amigos para ouvir; mas enfiar um fone dentro do ouvido no ônibus, na rua, nas filas do MacDonalds é uma nova forma de se relacionar com a música massiva hoje e trás com ela novos tipos de som. E assim caminha a humanidade.



Digam o que disserem, mas não é qualquer um bom velinho de 69 anos que tem pique pra encaram uma platéia de 70 mil pessoas e cantar e tocar por duas horas sem mudar a tonalidade das músicas, e esse vovozinho é Paul McCartney. Alguns velhos continuam se superando, encarando a estrada, a web e o estúdio com muita dignidade. Quer a prova? Vem ao Brasil em outubro um dos maiores espetáculos da terra. Senhoras e senhores, com vocês: Rush! O trio canadense de guitarra, baixo e bateria muito bem tocados está aí. Quase sessentões, eles vêm pra mostrar que rock é isso: som e suor, e nada mais. Feliz dia do rock!



Rush ao vivo no Rio de Janeiro em 2002, “Yyz” é uma das mais badaladas músicas do Guitar Hero.:

 

via Diario do Pará

Posted by @paulostudio2002 @ terça-feira, 13 de julho de 2010 0 comments

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