Banda Tereza desponta com mistura de indie e pop: 'Queremos confundir'

A música "Sandau", da banda Tereza, descreve uma cena típica do Rio: ônibus cheio em um domingo quente em direção à praia. A bagunça inclui pessoas locais "segurando o tchan" e estranhos "gringos de saia". A viagem condiz com o som do jovem quinteto que ganhou o troféu "Experimente" como aposta do Prêmio Multishow 2012. A banda mistura modernidades estrangeiras incomuns para o grande público com pop brasileiro mais "ordinário". "A gente quis causar essa confusão, exagerar no pop e ao mesmo tempo no alternativo", diz o guitarrista Mateus Sanches.

O grupo de amigos de colégio em Niterói está junto como banda há quatro anos. Exceto o baterista Rodrigo Martins, com 21, todos têm 23 anos. Os jovens resolveram, há um ano, trancar a faculdade para se dedicar à Tereza. Em 2012, lançou o álbum "Vem ser artista aqui fora". O nome da banda é homenagem à garota mais cobiçada entre os alunos. "Ela era a bonitona da escola", lembra Mateus. Tereza, hoje amiga do grupo, festejou com os integrantes da banda homônima o recente prêmio.

Quando vocês cantam 'beat it laun daun daun', na música 'Sandau', fazem uma referência ao Skank ou é coincidência?
Mateus Sanches - Foi uma referência direta. A música conta uma historinha, de ir para a praia num domingo com calor de quarenta graus. “Garota nacional” está tocando no ônibus, todo mundo se empurra, aquele cheiro de protetor solar. O pop dos anos 90 foi uma referência musical no CD e nessa música a gente cita na lata.

Uma resenha do jornal 'O Globo' citou a Kelly Key. É uma referência?
Mateus Sanches -
A Kelly Key não foi uma influência direta. Mas contamos sobre essa citação para o nosso produtor, no Prêmio Multishow, e ele disse que isso era a melhor coisa que poderiam ter falado do disco. A gente quis causar essa confusão, exagerar no pop e ao mesmo tempo no alternativo. Tem essa coisa do “trash” mais proposital.


 O disco de vocês tem coisas eletrônicas que podem ter vindo tanto do funk melody carioca quanto do electropop resgatado por muitos grupos gringos atuais. Qual foi a fonte?
Mateus Sanches -
São as duas coisas. A gente quis usar as referências nacionais dessa época. Resgatar coisas que ouvia quando estava junto no colégio. Quisemos ilustrar um tempo nostálgico. Era isso que tocava na rádio, que ouvia em festa. Quisemos misturar com o rock mais moderno, que a gente curte. Funk melody com Empire of the Sun e Hot Chip.

O Rio de Janeiro teve recentemente outras 'revelações' do rock, como Moptop e Rockz, que foram elogiadas, com bom público local e especializado, mas não viraram nomes nacionais para o grande público. Vocês querem passar dessa etapa?
Mateus Sanches -
A gente pretende ir adiante. O único single que lançamos até agora foi “Vamos sair para jantar”, que é mais difícil, mais underground. Foi bom conquistar coisas só com essa música lançada. Agora que o nome está no ouvido das pessoas, a gente fica mais confortável para lançar músicas mais fortes, como “Sandau” e “Calçada da batalha”. E tentamos evoluir sempre. As primeiras demos que lançamos há anos são diferentes de hoje. Estamos amadurecendo.

Temos hoje no Brasil um sertanejo descaradamente pop. No meio que se chamava 'indie' ou 'alternativo', parece que há um medo do pop: muitos vão para o lado da MPB mais retrô, ou para o experimental. Vocês quiseram assumir o lado acessível?
Mateus Sanches -
Sem dúvida a gente queria esse lado pop. Mas é complicado fazer em português música eletrônica, indie, ou o que quer que você queira chamar. Fazendo o disco, em vários momentos a gente pensava: “Isso está parecendo sertanejo”. Para outras bandas, o fato de cantar em inglês faz a coisa parecer mais underground, mesmo que eles estejam fazendo algo pop. E na hora de fazer em português, muita gente tem medo. No começo da banda a gente deixava a música estranha para fugir de qualquer possiblidade de soar cafona. Essa foi uma dificuldade, de fazer pop e não ser brega. Aí entra essa coisa de equilibrar, como uma letra de amor que não seja muito melosa.


A história da Tereza, que inspirou o nome da banda, se parece com a da Anna Júlia, da música dos Los Hermanos, já que ninguém da banda ficou com ela. Vocês sofreram pela Tereza também?
Mateus Sanches - A gente nunca sofreu pela Teresa. Se algum integrante sofreu, não contou. Todo o colégio era apaixonado, ela era a bonitona da escola. Escolhemos o nome pois tinha uma história boa por trás. Mas é uma amiga, sempre foi uma amiga. Ela foi na festa que a gente fez para comemorar o Prêmio Multishow.

E na festa da premiação houve algum encontro com artistas mais conhecidos?
Mateus Sanches -
O pessoal do NxZero veio falar com a gente. É uma banda completamente diferente da nossa. Mas ele falaram que ficaram arrepiados quando nos viram comemorando. Ninguém estava comemorando muito, mas a gente vibrou bastante. A gente viu que foi sincero quando eles falaram isso. Foi legal, fez minha noite. E é legal ver uma banda consolidada, deixou a gente mais animado, ver que estamos perto disso.


Posted by Viviani Corrêa @ segunda-feira, 24 de setembro de 2012 0 comments

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