Biografia revela caminhos que levaram Adele ao topo do pop

Entre os 16 e 18 anos, Adele Laurie Blue Adkins ganhava uns trocados como atendente de um café em Londres. O salário era péssimo, o trabalho era muito, só que o domingo trazia um alento: ouvir a parada de sucessos no rádio.— Eu trabalhava demais, mas foi a época mais divertida da minha vida — diz Adele, num trecho extraído da biografia "Adele" (Leya).

O livro, do jornalista inglês Chas Newkey-Burden, que se especializou em biografar celebridades (também escreveu sobre Amy Winehouse e Justin Bieber), chegou ao Brasil neste mês. E foi lançado na Inglaterra em outubro de 2011, um mês antes, portanto, da cirurgia a que a cantora se submeteu, nas cordas vocais.


15 milhões de CDs

Em pouco mais de 200 páginas, Newkey-Burden foca nos caminhos que, em cinco anos, levaram Adele do anonimato do balcão ao topo da música pop. Seu segundo álbum, "21", foi líder de vendas em todo o mundo, com mais de 15 milhões de cópias. E, no próximo dia 12, ela disputa as seis principais categorias do Grammy.

A ascensão da cantora ofuscou a parafernália — marketing, publicidade, escândalo, moda e música — do fenômeno Lady Gaga que, a bordo de seu terceiro disco, "Born this way" (2011), atingiu apenas um terço das vendas de Adele. Para Newkey-Burden, o o sucesso da nova musa britânica se deve à mistura do soul de Amy Winehouse com a pegada pop de Gaga, mas numa linguagem própria.

— Com certeza, Adele traz elementos de Amy — diz o autor do livro. — Elas frequentaram a mesma escola, e a sonoridade é próxima, mas a diferença é que enquanto Amy viveu mais do que toda a tragédia que suas letras mostram, Adele deixa a tristeza nas canções e, no minuto seguinte já está se acabando de rir. Também há similaridades entre Adele e Lady Gaga, mas Gaga faria tudo para ser tão talentosa e não ter de inventar tantos truques para permanecer nas paradas.

Para o autor, a ausência de artifícios na carreira de Adele serviu para minar a típica fórmula das divas pop: corpos esculturais e insinuações sexuais misturadas a música.

— A indústria quer impor o quanto elas devem pesar, como devem se vestir. Adele sofreu muita pressão para emagrecer e mudar a aparência, mas seguiu do jeito que é.

Nascida e criada entre Tottenham — bairro com a maior diversidade étnica de Londres — e o centro da capital inglesa, Adele estudou com garotos de todas as raças, credos e classes. Vestia-se como roqueira ao mesmo tempo em que sonhava com Lauryn Hill e em ser tão pop como as Spice Girls. Isso até começar a apreciar bandas indie como The Cure e ícones do jazz e do soul, como Etta James e Aretha Franklin, referências centrais de seu canto. Boa parte de suas músicas reflete experiências vividas entre a infância e o fim da adolescência. Para o autor, os relacionamentos frustrados que servem de inspiração aos seus hits estão ligados à ausente figura do pai, Mark Evans, que se separou da mãe de Adele quando ela tinha 4 anos.
— A separação e a falta do pai, quando ele saiu de casa, estabeleceram cedo uma conexão com o sofrimento que os homens podem causar na vida das mulheres, um dos temas centrais da música dela.

Ao contrário de "19", em que muitos casos amorosos lhe serviram de inspiração, em "21" um único rompimento foi o suficiente para moldar boa parte das canções. Newkey-Burden descreve o trabalho como uma etapa de amadurecimento, resultado de um relacionamento que Adele teve com um homem mais velho e bem-sucedido (o autor não revela quem é), que a fez crescer intelectualmente e prestar atenção em assuntos que, antes, pouco lhe interessavam, como política e história, literatura e cinema, culinária e viagens. "Além de outras coisas para as quais eu nunca dei bola. Eu só pensava em sair e encher a cara", diz a cantora, num dos raros trechos em que a biografia revela uma face menos cor-de-rosa de sua vida.

Posted by Viviani Corrêa @ quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012 0 comments

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