Erasmo Carlos festeja meio século de rock com fervor, ternura e amigos

Até Roberto Carlos deu uma passadinha na festa de arromba de Erasmo no Municipal, em julho do ano passado. E só o papo descontraído dos velhos amigos, em cima do palco, já teria justificado o lançamento desse CD/DVD de 50 anos de estrada (carreira, não, que é termo "polêmico", brinca o próprio). Sendo o cantor a metade da dupla de hitmakers que tomou para si a bandeira do rock, custe o que custar (e olhe que custou bastante naquele primeiro Rock in Rio!), nada mais justo do que o que lhe foi dado na noite: a moldura perfeita para provar que, aos 70 anos, quem quiser pode vir quente. Erasmo Carlos está fervendo.

O primeiro acerto do projeto foi a banda escalada, que une quatro gerações: a do artista, a do novo baiano Dadi (guitarra), de Billy Brandão (guitarra solo de categoria) e do grupo Filhos da Judith (guitarra, baixo, bateria e coros afinados). Distante de qualquer breguice que um dia possa ter ousado se infil$em sua música, Erasmo nem precisou se fingir de jovem atlético: bom humor e charme ajudaram a cumprir a tarefa com louvor em clássicos do top de "Sou uma criança, não entendo nada", "Negro gato" (de Getúlio Côrtes, aqui em clima funky 007) e "Mesmo que seja eu".

Outro acerto de "50 anos de carreira" é a seleção do repertório, disposto em bem sacado roteiro. Os hits estavam lá, claro, mas também $presença o Erasmo Carlos rejuvenescido do disco "Rock’n’roll" (2009), nos bons rocks "Jogo sujo", "Chuva ácida" e "Cover".

E o amor, verdadeira razão de se fazer rock (diz o cantor), não poderia ficar de fora da festa. Romântico, ele foi até de sobra, nas baladas "Gatinha manhosa" e "Mais um na multidão" (parceria dos anos 2000 com Carlinhos Brown e Marisa Monte, que subiu ao palco para dividir a $ção), e ainda na série de sucessos de Roberto Carlos compostos em parceria: "Desabafo", "Olha", "Proposta", "Cavalgada", que foram reunidos em medley com o piano de José Lourenço e as cordas do Teatro Municipal.

Com Roberto, por sinal, o número foi curto, mas adequado: uma lembrança de onde tudo começou entre os dois ("Parei na contramão") e a simbólica "É preciso saber viver". Curiosamente (ou não assim), a música que rola, no DVD, imediatamente após a saída do convidado é "Quero que vá tudo pro inferno", levando Erasmo de volta aos caminhos do rock que dão em "Minha fama de mau" e, enfim, na "Festa de arromba". Em plena terra sagrada da música, o avô do rock brasileiro não titubeou e seguiu com sua cruzada. Mas sem perder a ternura, jamais.

Posted by Viviani Corrêa @ quarta-feira, 16 de maio de 2012 0 comments

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