Uma necrópsia que durou cerca de três horas não detectou "traumas externos" ou "circustâncias suspeitas" (de crime) no corpo do cantor Michael Jackson, que morreu nesta quinta-feira (25) após sofrer uma parada cardíaca em sua casa em Los Angeles.
Cobertura completa: Jackson morre
Em entrevista a jornalistas no final da tarde desta sexta-feira (horário de Brasília), Craig Harvey, porta-voz do Instituto Médico Legal de Los Angeles afirmou que "levará de quatro a seis semanas" para "fechar o caso e definir uma causa final da morte".
O prazo é o tempo necessário para que sejam colhidos resultados dos testes toxicológicos adicionais. O corpo de Jackson ainda não foi entregue à família.
O porta-voz afirmou também que a polícia de Los Angeles manterá detalhes das investigações em segredo.
Michael Jackson foi declarado morto às 18h26 (horário de Brasília) de quinta-feira (25). O cantor de 50 anos não estava respirando quando os paramédicos chegaram à sua casa, em Los Angeles.
Charlie Beck, assistente-chefe da polícia de Los Angeles, confirmou que interrogará o médico particular que estava na casa de Michael Jackson no momento em que a chamada de emergência foi feita. Beck revelou ainda que a polícia já havia conversado rapidamente com o médico logo após a morte de Jackson.
"Faremos uma [nova] entrevista com o médico para discutir algumas questões não respondidas. Esperamos que o médico jogue luz sobre algumas coisas que nos foram passadas pelo legista", disse o assistente-chefe da polícia, sem especificar os pontos de dúvida.
"Para se determinar a causa da morte [em uma investigação], é importante entrevistar todas as pessoas que estiveram em contato com o sr. Jackson antes de sua morte. Particularmente, a pessoa responsável por cuidar de sua saúde. É importante falar com o médico", concluiu.
De acordo com a pessoa que fez o chamado de emergência para os bombeiros da casa de Michael Jackson, o médico teria sido a única testemunha no momento em que o cantor teve a parada cardíaca. O áudio da chamada de emergência foi divulgado nesta tarde pelo site de celebridades TMZ.
Na madrugada de sexta, um carro que supostamente pertence ao médico foi apreendido pela polícia na residência alugada pelo cantor. A polícia acredita que o veículo pode conter pistas que contribuirão na investigação sobre as causas da morte.
Segundo a agência de notícias Associated Press, o médico é o cardiologista Conrad C. Murray. O site do conselho de medicina do Texas não indica reclamações formais contra Murray nos últimos quatro anos.
De acordo com a Fox News, o legista responsável pela necrópsia no corpo de Jackson se reuniu com a família do cantor antes do anúncio dos resultados da análise.
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Em entrevista à rede de televisão CNN, nesta quinta, o advogado e amigo de Michael Jackson, Brian Oxman, afirmou que o cantor fazia uso abusivo de remédios. De acordo com a Fox News, doses de um medicamento conhecido como demerol foram encontradas na casa de Jackson. Semelhante à morfina, a droga é um derivado sintético do ópio, um anestésico forte e com risco de causar dependência.
Batizado no Brasil de dolantina, o medicamento - que tem uso restrito até mesmo em serviços de emergência médica - é indicado para alguns casos de dor intensa, como pacientes que sofreram cirurgias, infarto agudo do coração ou espasmos durante trabalho de parto.
A própria bula recomenda, no entanto, que o remédio seja utilizado "sob rigoroso controle médico", pois pode "provocar dependência física" e tem, em sua lista de reações adversas possíveis, "depressão do centro respiratório", principalmente em caso de overdose.
Ainda segundo a Fox News, a polícia também encontrou doses de Xanax (controlador de ansiedade) e Zoloft (antidepressivo) na casa de Michael Jackson. Medicamentos semelhantes eram consumidos por celebridades como Heath Ledger e Anna Nicole Smith, mortos no passado recente por overdose de remédios.
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Em declaração pública no hospital a que Michael Jackson foi levado, em Los Angeles, o irmão do cantor Jermaine Jackson, disse que uma equipe de médicos do Centro Médico UCLA passou uma hora tentando ressuscitar o rei do pop.
Jermaine confirmou que os bombeiros encontraram Jackson com uma parada cardíaca, mas disse que ainda não se sabe o que causou isso. "Nossa família pede que a mídia respeite nossa privacidade nesse momento difícil."
O porta-voz do corpo de bombeiros de Los Angeles, Devin Gales, disse que os paramédicos atenderam a um chamado feito no endereço do cantor às 12h21 locais.
Michael Jackson, que completou 50 anos em agosto de 2008, havia anunciado em maio o adiamento de alguns dos shows de uma extensa temporada que ele faria em Londres neste ano.
O adiamento das datas aumentou as especulações de que Jackson estaria sofrendo de problemas de saúde.
Em declarações à CNN, Brian Oxman, advogado e amigo da família, explicou que Michael, enquanto se preparava para o show que tinha previsto fazer no próximo dia 13 em Londres, tomava remédios para tratar de lesões em uma vértebra e em uma perna depois de uma queda no palco.
Ele disse que alertou as pessoas próximas ao cantor para as possíveis consequências da medicação, que inclusive representou um obstáculo para os ensaios.
Michael Jackson nasceu em 29 de agosto de 1958 em Gary, Indiana, o sétimo de nove irmãos. Cinco dos irmãos Jackson - Jackie, Tito, Jermaine, Marlon e Michael - apresentaram-se juntos pela primeira vez num programa de calouros quando Michael tinha 6 anos. Eles levaram o primeiro prêmio.
O grupo mais tarde se tornou o The Jackson Five, e, quando assinou contrato com a gravadora Motown Records, no final dos anos 1960, passou por uma metamorfose final, tornando-se The Jackson 5. Pelo mesmo selo, Michael lançou seu primeiro álbum solo em 1972, "Got to be there".
De lá até 2001, o cantor gravou outros oito álbuns solo, incluindo "Off the wall" (1979), produzido pelo lendário Quincy Jones, e "Thriller" (1982), que ficou 37 semanas consecutivas no primeiro lugar das paradas e é considerado o álbum mais vendido de todos os tempos -- os números variam de acordo com a fonte, de 50 milhões a cerca de 100 milhões de cópias.
"Thriller" - que ganhou uma reedição comemorativa em 2008 - é uma das principais responsáveis por imortalizar pérolas pop como "Billy Jean" e "Beat it". Ao todo, sete canções chegaram ao topo das paradas de sucesso nos Estados Unidos. O álbum deu origem ainda a um dos clipes mais cultuados desta era. Dirigido por John Landis, o vídeo da faixa-título mostra o astro pop se transformando em zumbi e traz a risada sinistra de Vincent Price, que assombrou muitos adolescentes no início dos anos 80.
Outros álbuns incluem "Bad" (1987), "Dangerous (1991) e "Invincible" (2001). No total, segundo cifras divulgadas nos Estados Unidos, Michael Jackson vendeu 750 milhões de discos.