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O sonho é uma experiência que possui significados distintos se for ampliado um debate que envolva religião, ciência e cultura. Para a ciência, é uma experiência de imaginação do inconsciente durante nosso período de sono. Para Freud, os sonhos noturnos são gerados, na busca pela realização de um desejo reprimido. Recentemente, descobriu-se que até os bebês no útero têm sono REM (movimentos rápidos dos olhos) e sonham, mas não se sabe com o quê. Em diversas tradições culturais e religiosas, o sonho aparece revestido de poderes premonitórios ou até mesmo de uma expansão da consciência.
Para a psicanálise o sonho é o "espaço para realizar desejos inconscientes reprimidos". O pesquisador James Allan Hobson considerou "os sonhos como um mero subproduto da atividade cerebral noturna". Existem duas fases do sono. A primeira é o sono de ondas lentas, em que a atividade do cérebro é baixa e, por isso, não se formam filmes em nossa mente, apenas pensamentos mais ou menos normais que passam em uma espécie de tela escura, em imagens. Já a segunda fase é de alta atividade e nomeada REM - sigla em inglês para "movimentação rápida dos olhos" (Rapid Eyes Movement). E é durante a fase de REM que os sonhos ocorrem, pelo menos nos adultos.
Sonho e Psicanálise
Procurar entender o significado dos sonhos nos ajuda a conhecermos-nos melhor. E quando nos conhecemos melhor, temos a oportunidade de viver uma vida mais tranquila. Não é a toa que um dos livros mais importantes e conhecidos de Sigmund Freud tenha sido a Interpretação dos Sonhos, que causou polêmica ao ser lançado em 1900. Neste livro dos sonhos, o pai da psicanálise define o conteúdo do sonho como a realização de um desejo. Para Freud, o enredo do sonho teria um sentido explícito, manifesto, e que importaria menos, e outro mais simbólico, ligado ao desejo de quem sonha, menos explicito, latente, e cujo significado importa muito para a terapia de quem sonha. Simplificando, o sonho seria, portanto, um ótimo material para o indivíduo entender seus desejos, e resolver suas questões. Mas o livro de Sigmund Freud não se trata de um dicionário de sonhos, mas sim uma obra complexa sobre o campo da psicanálise.
Interpretação Lúdica dos Sonhos
Além da psicanálise, a interpretação dos sonhos também faz parte da cultura popular, onde os significados foram desenvolvidos de uma maneira mais lúdica, sem pretensões científicas. E são exatamente estas interpretações que surgiram ao longo do tempo, e foram se incorporando as crenças populares.
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Poema de Natal - Vinicius de Moraes
Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos -
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.
Assim será a nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos -
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez, de amor
Uma prece por quem se vai -
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte -
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.