Arthur Dapieve e Miranda Kassin comentam trajetória de Amy Winehouse.
Inglesa se apresenta em Florianópolis, Rio de Janeiro, São Paulo e Recife.
Nos últimos dois anos, Amy foi mais vezes vista segurando copos do que microfones. Performances trôpegas e de curta duração dividiram espaço com internações em clínicas para turbinar os seios, se tratar de escoriações diversas e de um efisema pulmonar, em outubro de 2008, um mês antes da separação de seu marido Blake Fielder-Civil.
Para o jornalista Nelson Motta, as doses a mais não influenciam tanto na parte musical da coisa. "A pessoa dela, o estilo junkie e chave de cadeia ajudam muito no mito. Mas não a fazem cantar melhor ou pior", opina.
Ele define Amy como "a melhor cantora e compositora surgida nos últimos 15 ou 20 anos". "Ela tem uma indiscutível modernidade e ao mesmo tempo uma base clássica de jazz, blues e soul. É a inovação e a excelência, não a ruptura ou a transformação", diferencia Motta.
Para o também jornalista Arthur Dapieve, Amy revigorou o pop."Ela trouxe, mais uma vez, a música negra para fazer-lhe uma transfusão de sangue", analisa Dapieve. "E trouxe soul do bom, linha Stax. Nada contra Joss Stone ou Duffy, mas Amy é a cara."
Mas além da ficha suja na polícia, o que Amy tem que as outras cantoras de sua geração não têm? "Ela é uma artista no sentido mais amplo e profundo do termo. Ela estetiza a sua vida e vive a sua arte. Além, claro, de ter uma voz e uma pena espetaculares...", responde Dapieve. O jornalista diz já ter comprado seu ingresso para assistir ao show da cantora nesta terça-feira (11). "É a chance de ver uma artista realmente grande ao vivo", justifica.
E se Amy pudesse pinçar para seu repertório uma faixa que ela não tem o costume de interpretar, qual seria a indicada? "Tanto faz eu dizer 'Tea for two' [standard do jazz] como 'O funk da comunidade' já que ela não vai cantar mesmo", desdenha Motta. Dapieve sugere que a cantora incorpore "That's life", do repertório de Frank Sinatra. "É a cara dela, dá até para imaginar um arranjo com os Dap-Kings, e porque ela adora o Frank, título do seu primeiro CD", explica.
Abertura com DJ Amy cover
Miranda Kassin, que mantém seu projeto I Love Amy em abarrotadas apresentações em São Paulo, puxa a brasa para sua sardinha. "Poderia sugerir uma composição minha e do André [Frateschi, cover de David Bowie nas horas vagas], chamada 'I'm out of honey'."
A cantora vai discotecar na abertura do show de sua diva preferida, na etapa paulistana da turnê. "No nosso repertório estarão as músicas mais safadinhas do universo da soul music, como 'Just wanna make love to you', de Etta James, e 'That's what love will do for you', de Little Milton", antecipa Miranda.
Mas, afinal, por que Amy é digna de tanta devoção? "Com a música pop tão dominada pelo politicamente correto, de sorrisos e maquiagens programadas, ela é uma figura controversa que traz o inesperado", resume. "É o elemento surpresa da falta de lógica que o pop precisa para sobreviver. Ela possui um talento selvagem que nos tira o chão."
Amy Winehouse no Brasil
Florianópolis
Quando: 8 de janeiro
Onde: Summer Soul Festival, no clube Pacha - Rod. Maurício Sirotsky Sobrinho, 2500, Jurerê Internacional
Quanto: R$ 100 a R$ 600
Rio de Janeiro
Quando: 10 e 11 de janeiro
Onde: HSBC Arena - Avenida Embaixador Abelardo Bueno, 3401, Barra da Tijuca
Quanto: R$ 180 a R$ 700 (os ingressos para o show do dia 11 estão esgotados)
Recife
Quando: 13 de janeiro
Onde: Centro de Convenções de Pernambuco - Avenida Professor Andrade Bezerra, s/n, Salgadinho
Quanto: R$ 200 e R$ 300
São Paulo
Quando: 15 de janeiro
Onde: Arena Anhembi - Avenida Olavo Fontura, 1209, Santana
Quanto: R$ 200 e R$ 500