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O trabalho do musicoterapeuta é utilizar a música como uma maneira de acionar elementos guardados no interior da mente e resolver questões que trazem angústia para o paciente


Segundo a musicoterapeuta Anna (à esquerda), nem todas as músicas são benéficas (Foto: Diário de Guarapuava)
Alguns estudos recentes sugerem que o cérebro responde aos estímulos musicais como se fossem remédio. Isso significa que algumas canções podem regular funções do corpo, reduzir o estresse e até desenvolver habilidades motoras.

Como somos sujeitos únicos, formados através das nossas experiências de vida, não é possível estabelecer uma única música que traga os mesmos efeitos para todos. Cada um, com suas preferências e vivências, tem uma trilha sonora capaz de despertar sentimentos e trazer a cura para os males da alma.

A especialidade que utiliza a música para melhorar, manter ou restaurar o bem estar de uma pessoa é a musicoterapia. O trabalho do musicoterapeuta é utilizar a música como uma maneira de acionar elementos guardados no interior da mente e resolver questões que trazem angústia para o paciente. Além disso, é utilizada para outros fins, como para trazer à tona as lembranças esquecidas pelos portadores de mal de Alzheimer, no tratamento de autismo, hiperatividade e de deficiências mentais.

A musicoterapeuta Cristiane de Cássia Kramer Maibuk trabalha na área há 10 anos. Segundo ela, apesar dos benefícios trazidos pela técnica, em Guarapuava ainda são poucos que a conhecem. “O campo maior de atuação é com crianças com necessidades especiais, com as quais a música tem uma ação muito importante, ajudando-as a melhorar a expressão e a comunicação”, explica.

No caso dos adultos, a maioria dos que procuram o tratamento é para diminuir o estresse ou para auxiliar no tratamento da depressão, alcoolismo e dependência química.

Quem pensa que o tratamento com musicoterapia se limita a ouvir músicas calmas e relaxantes engana-se. Durante as consultas, o terapeuta faz uma análise do histórico e gosto musical do paciente e através da música vai trabalhando emoções e traumas.

A musicoterapeuta Anna Paula Caillot Amaral, afirma que há uma explicação para que, em contato com a música, as emoções aflorem. “Mesmo quando a pessoa tem um bloqueio emocional, ela pode se soltar com uma música. O som acaba remetendo a uma determinada fase da vida, cheiros e gostos que caracterizaram essa época”.

Evelyn Souza Viccari experimentou uma sessão de musicoterapia e se surpreendeu. “Achei que ia ficar deitada, ouvindo sons de pássaros e cachoeira. Mas cantei, utilizei instrumentos musicais e me senti à vontade para me expressar. Pude me conhecer mais e ver o que posso mudar para me sentir melhor”, conta.
Formação do gosto musical
A influência da música na vida é incontestável. Isso porque desde que estamos no útero da mãe somos interpelados por uma sequência de barulhos do mundo exterior que nos fazem gostar mais ou menos de um determinado som depois que nascemos. Pesquisas mostram que filhos de mães operárias, que trabalhavam em fábricas ruidosas, sentem-se incomodadas quando ouvem sons muito altos, reflexo do tempo em que conviveram, junto com a mãe, em ambientes assim.

Por isso, Cristiane afirma que a formação do gosto musical pode começar na  barriga da mãe, embora sofra transformações durante a vida. Então, aquela conhecida história de colocar músicas suaves para ouvir durante a gravidez para acalmar a criança é verdadeira. E depois do nascimento, quando a criança ouvir novamente aquela música acabará se sentindo relaxada.

As músicas que a família ouve também são fundamentais na constituição do gosto musical da criança, pois essas primeiras experiências musicais se tornarão marcas levadas pela vida toda, que suscitarão lembranças de diversos momentos importantes. Com idosos, uma forma dos familiares terem bons momentos e auxiliarem na retomada de lembranças antigas é pesquisar o passado musical dos pais e avós. Que músicas eles ouviam? Certamente nos primeiros acordes, muitas lembranças virão à tona.

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