Apesar do título de seu último álbum, "I Am ... Sasha Fierce (palavra que, em inglês, significa 'feroz')", não se viu ferocidade alguma em seu show. Caloroso e emotivo? Muito. Bombástico? Pode apostar, porque essa é a natureza das turnês pop nos dias de hoje.
Mas o que a fez realmente criar uma conexão com seus fãs não foram os artifícios, como o confete que choveu sobre ela enquanto cantava "Crazy in Love", as partes do palco high-tech que se moviam e as inúmeras trocas de figurino. Foi a música e a maneira como ela a cantou, interagindo com sua banda e os fãs. A maioria das divas ou chamadas divas poderia aprender algo com Beyonce. Está ouvindo, Madonna?
No show de mais de duas horas de duração, Beyonce abrangeu estilos diversos, desde o pop e o R&B até o hip-hop, reggaeton, eletrônico e dance.
Ela também cantou canções de outras pessoas, como "Love to Love You Baby," de Donna Summers, "Angel," de Sarah McLachlan, e "You Oughta Know," de Alanis Morrissette.
Mas "Ave Maria", cantada enquanto os dançarinos montavam um vestido de noiva sobre ela, não funcionou.
Quando a multidão gritava, aplaudia e delirava no início do show, ela parava para sorrir sinceramente. Bem diferente da Beyonce de alguns anos atrás, cujo ego parecia chegar antes dela. Mas Beyonce amadureceu -- musicalmente e como artista.
Nos materiais mais quentes, ela foi Tina, a Geração Seguinte, enquanto em algumas baladas ela mergulhou no espírito de Streisand, chegando a reproduzir os fraseados desta. Beyonce vem melhorando muito como vocalista, graças em parte ao fato de ter representado Etta James em "Cadillac Records" e ter atuado em "Dreamgirls".
Em dado momento ela falou que acredita no poder das mulheres, citando o fato de sua banda e os vocais de fundo serem exclusivamente femininos. Mesmo entre os dançarinos, os homens em vários momentos usavam figurinos que cobriam seus rostos.
Esse tipo de discurso é positivo, especialmente para elevar a autoestima de suas fãs mais jovens. Mas imaginar que Beyonce defende uma agenda feminista seria bobagem. Os minivestidos e outros figurinos ainda mais exíguos simplesmente não foram escolhidos para impressionar as mulheres no público.
Os melhores momentos do concerto não foram os de brilho e efeitos. Foram os que em que Beyonce encontrou uma conexão com os fãs. Se ela continuar nesse rumo, isso pode fazê-la crescer como artista, tornando o marketing uma consideração secundária.
via UOL