Paulo Miklos contracena com Glória Pires em 'É proibido fumar'. (Foto: Divulgação)
Paulo Miklos acaba de emplacar uma música na novela, mas é nos palcos de uma certa churrascaria que ele vem pondo em prática suas outras qualidades. Se na vida real o cantor e guitarrista do Titãs vem fazendo sucesso com "Antes de você", faixa do recém-lançado álbum "Sacos plásticos", que está na trilha sonora de "Caras & Bocas", no cinema ele vive Max, um roqueiro obrigado a ganhar a vida tocando samba.
Seu personagem no filme "É proibido fumar", de Anna Muylaert previsto para ser lançado em setembro no Festival do Rio - não chega à esquisitice do Anísio de "O invasor" (2001), mas também não é um cara muito normal, segundo o Titã. "Ele é um roqueiro frustrado que toca samba numa churrascaria", conta Miklos. Para complicar as coisas, seu chefe é ninguém menos do que o veterano ator Paulo César Pereio, que não hesita em reclamar: "Eu te pago pra tocar sambão, p...!"
"Como intérprete, sempre fui meio extravagante, sempre encarnei personagens no palco", diz o artista. "Sempre levei meu lado ator para o Titãs. Quando recebi o convite para fazer o 'Invasor', botei em prática o que eu já sabia. Descobri uma nova paixão", diz o artista, que neste projeto contracena com a atriz Glória Pires.
Outra empreitada recente é uma participação no seriado policial "Força Tarefa" - na pele de um policial corrupto. "Não consegui escapar desta vez. É alguma coisa com a minha cara", diverte-se. "Acho que um dia ainda vou fazer um padre ou alguma pessoa do bem, mas ela com certeza vai ser muito sofrida."
'Mais punk ainda'
Quando Max estrear nas telonas, Miklos estará fazendo os primeiros shows de divulgação do álbum "Sacos plásticos" ao lado de Branco Mello, Charles Gavin, Sérgio Britto e Tony Bellotto. Primeiro álbum de inéditas do Titãs desde "Como estão vocês?" (2003), o novo trabalho tem produção de Rick Bonadio que trabalhou com Mamonas Assassinas, Charlie Brown Jr, Ira!, CPM 22 e marca uma fase em que a referência é a própria discografia do grupo.
O Titãs, agora um quinteto, lança 'Sacos plásticos'. (Foto: Divulgação)
"Desenvolvemos coisas em estúdio, fizemos letras por e-mail, na estrada, de todas as maneiras", conta o músico. "Tínhamos certeza de que precisávamos reativar a nossa química, nossa maneira de conduzir as coisas. Esse processo todo é o que valida e dá o traço característico de estilo da banda. Essa parceria começa nas canções e se prolonga até a mixagem das músicas."
Segundo Miklos, desde que a ideia de fazer o disco surgiu, há cerca de um ano, havia o desejo de fazer experimentações com música eletrônica, a exemplo do que a banda havia feito em trabalhos anteriores, como nos álbuns "Cabeça dinossauro" (1986), "Jesus não tem dentes no país dos banguelas" (1987) e "O blésq blom" (1989).
"Só que naquela época aconteceu uma saturação, porque tinha um excesso de contingente no palco, era uma banda com oito pessoas e uma traquitana ligada. A gente se encheu, desligou tudo e jogou fora. De lá pra cá, a música eletrônica se desenvolveu e se subdividiu em muitas possibilidades. Tem bandas de várias gerações que usam a eletrônica de uma maneira interessante, como o Radiohead até o U2", diz.
As programações se concretizam em faixas como "Amor por dinheiro" e "Sacos plásticos". Há ainda elementos de funk e rock em "Problema" e "Múmias", e até reggae em "Quanto tempo".
Assim como "Antes de você", que está na trilha da novela, outras composições novas do Titãs falam de amor. "Acho que a gente aprendeu a explorar melhor esse tema. A gente não tinha canções de amor, e nós fomos aprendendo a fazer. Esse single é uma canção romântica, por mais que seja sobre um amor meio esquizofrênico."
"Ao vivo, vai ser mais punk ainda", diz Miklos. "Somos só cinco, e o nosso estilo é minimalista, mais sintético, sempre a serviço da canção. Nosso toque é rock 'n' roll."
"O grande segredo para a plenitude é muito simples: compartilhar." --Sócrates
Música é vida!