Kai Chase, cozinheira particular de Michael Jackson (Foto: Nick Ut/AP)
A cozinheira particular de Michael Jackson disse nesta terça-feira (28) em entrevista à Associated Press que sentiu que algo estava errado quando, na manhã do dia da morte do cantor, não viu o médico Conrad Murray descer as escadas para buscar sucos e granola que ele levava regularmente ao Rei do Pop como café da manhã.
"Eu pensei: 'talvez o Sr. Jackson esteja dormindo até tarde'", lembra Kai Chase, uma chef contratada para manter a dieta alimentar saudável de Michael Jackson e prepará-lo para a série de shows que faria em Londres.
Cobertura completa: Jackson morre
"Comecei a preparar o almoço e então vi no meu telefone celular que já era meio-dia. Por volta das 12h05 ou 12h10, o Dr. Murray desce correndo a escada e grita: 'Vá buscar Prince!' Ele estava gritando muito alto. Eu vou até o quartinho onde as crianças estavam brincando. Prince [filho mais velho de Michael] corre para encontrar o Dr. Murray e dali em diante você podia sentir a energia na casa mudando", recorda a cozinheira.
A ligação da casa de Jackson para o serviço de emergência foi feita às 12h21, horário de Los Angeles, por uma pessoa que ainda não foi identificada mas que estaria na companhia de Murray. Os paramédicos teriam chegado cerca de 3 minutos depois.
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"Eu caminhei até o hall e vi as crianças lá. A filha [Paris] estava chorando. Eu vi os paramédicos subirem correndo a escada", diz Chase.
Àquela altura, diz a cozinheira, o pequeno grupo que se reunia ali - as crianças, a babá, uma empregada e Chase - se deu as mãos e começou a rezar. "Nós orávamos, 'ajude o Sr. Jackson a ficar bem'", lembra. "E então todos ficaram quietos."
Ela afirma que, por volta das 13h30, seguranças disseram a ela e outros funcionários que deixassem a residência porque "o Sr. Jackson está sendo levado ao hospital". Quando saiu, diz ela, ambulâncias estavam no jardim e uma aglomeração havia se formado.
Comida saudável
Chase, 37, que já cozinhou para outras celebridades como a cantora Macie Gray e o ator Jamie Foxx, foi contratada por Michael Jackson em março, dispensada em maio, e retornou ao trabalho em 2 de junho. Ela diz que foi entrevistada para o trabalho pelos três filhos do cantor.
"Eu fui à casa e as primeiras pessoas que conheci foram as crianças. Eles começaram a me entrevistar e disseram: 'nós gostamos de comida saudável'."
Além da granola, sucos e leite de amêndoa para o café da manhã, o cardápio das refeições preparados por Chase incluía itens como salada de espinafre, frango e atum. Após semanas preparando pratos saudáveis, a chef lembra que sugeriu a Jackson uma mudança: pratos mais suculentos aos sábados, como churrasco de frango ou comida mexicana. Chase conta que o cantor adorou a ideia, mas quando a série de shows se aproximava, voltou com rigor à dieta saudável. "Ele disse: 'sou um dançarino', e queria comidas que não o fizessem travar enquanto estivesse dançando", explica.
Agora apegada a família, a cozinheira diz que Jackson a encorajava a publicar um livro de receitas e que ela, de fato, escreveu um intitulado "Fit for a King" (algo como "sob medida para um rei"). O material inclui receitas preparadas para Jackson e o relato do tempo em que passou com ele.
O cardiologista Conrad Murray, médico particular de Michael Jackson (Foto: AP)
Tanques de oxigênio
Na entrevista à AP, a cozinheira Kai Chase revelou também que estava acostumada a ver o médico particular de Jackson, Conrad Murray, entrar e sair da mansão. Ele geralmente chegava por volta das 21h ou 21h30, diz ela, e subia as escadas até o quarto do cantor. Chase afirma que não via ele sair antes que ela fosse embora - às vezes tarde da noite -, e imaginava que ele fosse passar a noite lá.
Pela manhã, quando ela chegava para trabalhar, a cozinheira diz que costumava ver o médico descendo as escadas com tanques de oxigênio, um em cada braço. Chase afirma que nunca questionou o propósito daquilo e que nunca percebeu nenhum sinal de que Jackson estivesse dopado ou com a saúde abalada.
No início da semana, um policial falando em anonimato disse à AP, que investigadores encontraram 18 tanques de oxigênio na casa do cantor - três dos quais estavam em seu quarto, no dia de sua morte, ao lado de um equipamento para aplicação de tratamento intravenal.
O mesmo policial afirma que Murray injetava regularmente um poderoso anestésico - o Propofol - para fazer Jackson dormir. O medicamento teria sido aplicado na última noite de vida do Rei do Pop, e, ainda de acordo com a fonte, é visto pelos investigadores como um dos prováveis responsáveis pela parada cardíaca sofrida pelo cantor.
Na terça, autoridades revistaram a casa de Murray em Las Vegas. Documentos judiciais apontam o médico particular de Jackson como investigado por homicídio sem intenção de matar. O advogado de Murray, Edward Chernoff, já disse que o médico não receitou ou administrou nada que pudesse ter matado Jackson.
Necrópsia adiada
A divulgação dos resultados da necrópsia realizada no corpo do cantor foi adiada pelo IML de Los Angeles. A expectativa era de que as conclusões saíssem nesta semana, mas o assiste-chefe dos legistas Ed Winter disse nesta quarta (29) que o anúncio não deve sair pelo menos até a próxima semana. Ele não explicou as razões do atraso.
"O grande segredo para a plenitude é muito simples: compartilhar." --Sócrates
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