Documentário choca ao escancarar a cultura funk em festival de NY

'Favela on blast' foi exibido nesta quinta-feira no Cine Fest Brasil-NY.
Brasileiros que vivem nos Estados Unidos falam ao G1 sobre exposição.

 Do G1, em Nova York -

"Para mim é chocante", afirma a russa Anna Klimanova, 22 anos, ao sair da sessão de "Favela on blast", filme exibido nesta quinta-feira (6) no Cine Fest Petrobras Brasil-NY. Ela se refere às mulheres personagens do documentário de Leandro HBL e Wesley Pentz, as MCs que sobem aos palcos dos bailes funk para mostrar danças sensuais e cantar letras escrachadas sobre sexo.

 

"Não posso julgá-las, elas cresceram dessa forma. Mas não acho que seja legal. Não sei se há chance de isso mudar, mas espero que sim. Que as pessoas possam crescer com outros valores familiares", deseja a jovem, que por namorar o empresário brasileiro André Pimentel, 35 anos, vem acompanhando fielmente a produção cinematográfica brasileira.

 

"Gostei muito do filme", elogia. "Pelo cinema você pode aprender muito sobre a cultura, as pessoas, a vida dos brasileiros. E quanto mais eu aprendo, mais amo", diz a russa, que já viu também "Budapeste", "Cidade de Deus" e "Se eu fosse você", entre outros.

 

 

Foto: Mariana Vianna/Divulgação

Documentário choca ao escancarar a cultura funk em festival de NY. (Foto: Divulgação)

De fato, "Favela on blast" deixa o espectador em contradição. Se causa desconforto ao mostrar a vulgaridade e a exposição do sexo nos bailes funk, conquista o público com um retrato autêntico e honesto da cultura popular brasileira. Dilema solucionado de forma simples, pela colocação de um dos MCs entrevistados pelos cineastas: a certa altura do longa, ele diz que fora questionado por um repórter que afirmava que a poesia da favela havia terminado. "Em que mundo você vive? Você quer que eu cante o quê? 'Alvorada lá no morro que beleza'?", dispara, citando verso famoso da canção de Cartola.

 

Nascido no Brasil e vivendo nos Estados Unidos há cinco anos, o artista plástico Renê Nascimento acredita que expor os problemas é uma forma de caminhar rumo às soluções. "A gente sempre quer mostrar para o estrangeiro o que a gente tem de melhor, que somos um grande país, bonito, rico, elegante. Mas tudo isso acontece, sim. É verdade. Então, acho que tem que mostrar. É a única maneira de tentar resolver essa questão. Tampar o sol com a peneira não adianta."

 

Pimentel divide com a namorada a expectativa de que a situação de miséria do país melhore. "[Ver o filme] me faz querer que o Brasil fosse um pouco igual aos Estados Unidos, culturalmente evoluído. Minha sensação é o desejo de que as coisas fossem melhores, que as pessoas tivessem um outro tipo de influência cultural", afirma.

 Studio 2002

Posted by @paulostudio2002 @ sexta-feira, 7 de agosto de 2009 0 comments

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