Serguei ficou famoso por ter tido um caso com a cantora Janis Joplin. (Foto: Alexandre Durão / G1)
De volta ao país depois de duas décadas, Serguei se estabeleceu em Saquarema, no litoral do Rio de Janeiro, e virou ícone fashion há alguns anos, quando desfilou pela grife Cavalera usando a camiseta "Eu comi a Janis Joplin". Hoje com 75 anos, Sérgio Augusto Bustamante (nome verdadeiro) não perdeu a atitude rock 'n' roll. Ele acaba de lançar com a banda Pandemonium o disco "Bom selvagem", reunindo músicas que foram censuradas nos Estados Unidos, agora com novos arranjos. E continua a receber centenas de visitantes em sua casa, batizada de Templo do Rock.
"Não mate as emoções senão você vira um morto-vivo", brada Serguei, do outro lado da linha, em entrevista ao G1. A conversa teve de ser interrompida algumas vezes devido à queda de eletricidade por causa da ventania em sua região. "Tem de olhar as pessoas nos olhos. Um aperto de mão, um olhar, uma frase, um sorriso e pronto, as pessoas estão se amando. Eu não entendo nada do que está acontecendo, então fico aqui dentro do Templo do Rock. Aqui eu ainda vivo em 1964."
Mas as recordações do lendário festival hippie parecem se limitar e essas poucas imagens. Porque, quando o assunto é show, Serguei só consegue enumerar apresentações assistidas em outras oportunidades.
"Fui ver uma apresentação do Black Sabbath, de repente tinha um dragão no meio do palco e de dentro da boca dele saíram os integrantes do Led Zeppelin. Coisa de americano... O Brasil perdeu o glamour. A Califórnia não é mais como nos anos 60, mas ainda tem um certo glamour. Depois de Woodstock, vi ainda Rolling Stones, New York Dolls, Peter Tosh."
O roqueiro na entrada do Templo do Rock. (Foto: Alexandre Durão / G1)
'Janis tinha um jeito de interior'
Foi durante a sua temporada nos EUA que Serguei diz ter conhecido a cantora Janis Joplin, com quem teria vivido um romance. "Fomos apresentados por um amigo chamado Aldir Oliveira. Não percebi que era ela de primeira, foi ele que me avisou. Ela estava com aquele cabelão de hippie, enorme. Ela tinha um jeito de interior. Até hoje esse tipo de gente me fascina. Ela tinha um sorriso assim, meio sem graça. Às vezes, punha um salto e ficava maior do que eu. Um dia saiu pelada do chuveiro e me disse 'Serguei, ninguém joga comigo, entendeu?'. Realmente, ela só fazia o que tinha vontade."
E o pioneiro que já usava batom roxo nos anos 50 continua surpreendendo desta vez, ao falar de seus gostos musicais. "Meus ídolos são Mick Jagger e Diogo Nogueira. Ele tem a voz do pai. Ele vira a minha cabeça, que loucura, ele tem uma pegada que ninguém tem."
E prossegue: "eu sou incorrompido em termos de rock 'n' roll, jamais gravei alguma coisa que não fosse isso. Tenho mais de 40 anos de carreira, mas já fazia parte do movimento beatnik, antes do movimento hippie. Foi uma revolução contra os princípios muito chatos da década de 50. Minha mãe também era revolucionária, tenho a quem puxar."
"O grande segredo para a plenitude é muito simples: compartilhar." --Sócrates
Música é vida!