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Jennifer Nettles e Kristian Bush, do Sugarland, em festival country na Califórnia, EUA (24/04/2010)
Kristian Bush do Sugarland às vezes fala sobre negócios com seu irmão Brandon, que foi integrante do Train e também tocava com o Sugarland. "Nós às vezes conversamos sobre como a indústria musical dá a você três álbuns. Se você faz os três primeiros e eles exibem crescimento, então você tem a chance de mais três. Assim, nós mantínhamos as expectativas elevadas em relação a nós mesmos e esperávamos que as pessoas à nossa volta esperassem o mesmo." Atualmente, estabelecido confortavelmente na segunda fase desse ciclo, o Sugarland certamente está atendendo essas expectativas.
O grupo, formado como um trio há sete anos em Atlanta e atualmente uma dupla composta pelo cantor e guitarrista Bush e pela cantora Jennifer Nettles, vendeu mais de 8 milhões de álbuns, emplacou cinco primeiros lugares nas paradas country, ganhou dois Grammys e, em 2009, colocou um fim aos nove anos consecutivos de Brooks & Dunn como Dupla Vocal do Ano pela Academia de Música Country. Cada um de seus três álbuns de estúdio ganhou dois discos de platina ou mais, e "Love on the Inside" (2008) e o álbum ao vivo posterior, "Live on the Inside" (2008), estrearam no 1º lugar da parada Billboard 200.
Tamanho sucesso gerou expectativas elevadas para o mais recente álbum do Sugarland, "The Incredible Machine", mas Nettles diz que as maiores ambições eram da própria dupla. "Nós nos permitimos, eu diria, mais autenticidade e liberdade de formas específicas", ela diz. "Nós nos permitimos como compositores realmente explorar e usar nossas influências, sejam elas musicais, artísticas, cinematográficas, qualquer coisa. Nós nos permitimos como intérpretes explorar as influências musicais que tivemos e que possivelmente já foram ouvidas em alguns de nossos álbuns, e algumas que podem nunca ter sido ouvidas em nossos outros discos. Assim, nós realmente nos permitimos explorar essas partes de nós mesmos que acho que desejavam ser vistas, expressadas e celebradas. E nos divertimos fazendo isso."
Bush acrescenta que o Sugarland foi influenciado pela experiência de tocar em arenas e estádios enquanto excursionava com Kenny Chesney, Brad Paisley, Keith Urban e outros. "Nós descobrimos, ao tocar nesses lugares grandes e para 20 mil pessoas ou mais a cada noite, que é preciso realmente simplificar sua mensagem, sem fazer concessões ou simplificar musicalmente o que você está fazendo", ele diz. "Isso é um feito e admiro as pessoas que fazem isso bem e é aí que estamos tentando chegar."
Sucesso desde o início
Nettles, antes uma artista solo, Kristen Hall e Bush, um ex-integrante do Billy Pilgrim, se juntaram em 2003. Todos os três tinham rodado pela cena musical de Atlanta e todos tinham sido influenciados pelo que Nettles chama de "bela tapeçaria de influências que temos lá. Há gospel, blues, rock, certamente country e rhythm and blues, e agora uma grande cena de rap e hip hop. Eu acho que tudo isso alimentou quem somos e de onde viemos como compositores".
O Sugarland foi um sucesso desde o início. Seu álbum de estreia, "Twice the Speed of Life" (2004), chegou ao terceiro lugar da parada country, com o single "Baby Girl" chegando ao segundo lugar. O álbum vendeu mais de 3 milhões de cópias e deu à banda uma indicação ao Grammy como Melhor Artista Revelação. O trio apareceu com Bon Jovi no "Crossroads" do canal "CMT" em 2005, com Nettles aparecendo no single "Who Says You Can't Go Home" (2006) do Bon Jovi, que chegou ao 1º lugar da parada country.
O grupo também sobreviveu à saída de Hall, que queria se concentrar apenas na composição, apesar de ela ter posteriormente processado seus ex-colegas de banda em US$ 1,5 milhão em royalties e outras taxas. Ela foi co-autora de uma canção de "Enjoy the Ride" (2006), que também recebeu três discos de platina, mas Bush diz que ele e Nettles rapidamente se adaptaram à vida como uma dupla.
"Nós iniciamos ('Enjoy the Ride') aproximadamente três ou quatro semanas após Kristin ter decidido ficar em casa", lembra Bush, 40 anos, "de forma que, por causa disso, ele exibiu um verdadeiro frescor. Há muita coisa de confiança emocional envolvida quando você está compondo. Mas assim que você supera uma certa barreira, você pode atingir quase qualquer coisa se encontrar alguém com quem esteja disposto a saltar junto."
Direções novas em "The Incredible Machine"
Bush e Nettles saltaram em "The Incredible Machine" em 2009, compondo juntos todas as 11 faixas ao mesmo tempo em que trabalhavam em seu álbum natalino, "Gold and Green" (2009). Eles logo concluíram "Little Miss", que foi encomendada para a delegação americana das Olimpíadas de Inverno de 2010, e "Wide Open", mas elas foram a exceção, não a regra. "A maioria das canções foi composta mais próximo da gravação de fato", diz Nettles, 36 anos, "e duas foram compostas durante o processo no estúdio, algo novo para nós".
Entre estas últimas estava o primeiro single de "The Incredible Machine", "Stuck Like Glue", uma colaboração com Kevin Griffin do Better Than Ezra. "Foi divertido", diz Nettles. "Nosso baterista costumava tocar com o Better Than Ezra e ele disse: 'Kevin tem uma canção que acha que pode interessar a vocês'. E nós dissemos: 'Claro, pode mandar, mas não mande algo com que esteja muito apegado ou que esteja completo porque, se gostarmos, vamos querer torná-la nossa e que pareça autêntica para nós'."
"Então ele nos mandou um trecho de uma canção que tinha o primeiro verso, e no refrão tinha uma bateria eletrônica. Nós então compusemos o segundo verso, a ligação entre as estrofes e simplesmente a adoramos. Eu acho que é novo, é divertido e algo diferente."
O toque de reggae na canção leva o Sugarland em uma nova direção, apesar de Nettles dizer que não foi algo premeditado. "Não foi consciente: 'Ei vamos fazer um reggae'. Nós queríamos fazer algo falado e eu acho que o estilo se prestou mais a isso, em vez de um rap. Eu não me considero uma rapper, então isso me deu algo melódico, como cantora, para me apoiar, ainda assim me permitindo fazer esse estilo falado. E é divertido poder, no meio disso, de repente, dar uma guinada em outra direção."
"The Incredible Machine" possui várias guinadas, graça às muitas influências que Nettles e Bush inseriram nas canções. "Em 'Find a Beat' há um quê de homenagem ao Blondie", ela diz. "E eu acho que, em algum ponto na canção 'Tonight' há um pouco de Chrissie Hynde ou um pouco de Robert Smith do The Cure. Eles definitivamente têm essa vibração para mim."
Afastar-se tanto do country tradicional pode ser arriscado, é claro, mas Nettles diz que ela e Bush estão preparados para qualquer reação negativa, apesar de "Stuck Like Glue" ter chegado ao Top 10 da parada country e ao Top 20 da parada pop da Billboard.
"De um ponto de vista da indústria, nós ainda veremos o que acontecerá", ela diz. "Há tipos diferentes de artistas em todos os gêneros, eu acho. Há aqueles que permanecem no caminho do meio, aqueles que ficam nas margens, mudando e retorcendo e trazendo outras pessoas para o gênero, assim como levando o gênero para novas pessoas e novos fãs. E o tipo de fãs que atraímos são aqueles que muitas vezes chegam até nós e dizem: 'Eu não gosto de música country, mas adoro o que vocês fazem e agora escuto música country'. Logo, acho que realmente gosto do fato de tocarmos dentro dessas margens."
Nettles acrescenta que mesmo os fãs de country dão ao Sugarland uma liberdade para ir além das fronteiras tradicionais do gênero. "Alguém me perguntou: 'Você acha que os fãs estão prontos?' E eu ri, porque eu nunca seria arrogante para dizer: 'Não, eles não estão prontos' ou 'Isto está muito acima deles' ou 'muito além deles'. Por favor. Não está. Eles são o maior medidor, porque eles sabem quando algo não é genuíno, e eles denunciam rapidamente."
O título "The Incredible Machine" (a máquina incrível) vem não apenas da canção de mesmo nome, que Nettles diz ter sido uma das "surpresas" no processo de gravação, mas também de um tema vago que a dupla percebeu presente em suas canções.
"Ele fala do coração humano e de sua impressionante capacidade de sentir, amar e entender", diz Nettles. "Enquanto olhávamos para todas as diferentes canções no álbum, nós percebemos que basicamente se tratava de um álbum sobre o coração humano e sua capacidade de fazer todas essas coisas, sua capacidade de ser esta máquina incrível que não apenas faz nossos corpos físicos funcionarem, mas também a capacidade de fazer o que faz em nossos corpos emocionais."
via UOL
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