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Katy Perry,
Viviani Correa
Katy Perry vai encher de algodão-doce e chantili os palcos do Brasil a partir do dia 23 de setembro. A cantora americana de 26 anos foi escolhida para ser a primeira grande atração internacional do que promete ser o maior festival de música já realizado no país, o Rock in Rio 2011. É para começar a festa com uma das maiores máquinas de fazer hits dos últimos tempos. Katy Perry é a primeira mulher em mais de 20 anos a conseguir emplacar quatro faixas de um mesmo álbum, no caso Teenage dream, de 2010, no número um da parada americana. O disco que teve mais músicas no topo do ranking da Revista Billboard foi Bad, lançado em 1987 por Michael Jackson. Bad teve cinco canções na liderança. A façanha de Katy ganha sua real proporção quando se leva em conta que Teenage dream é o terceiro álbum da cantora – o Rei do Pop estava em seu sétimo LP solo quando bateu o recorde, sem contar os discos gravados com os irmãos na época do Jackson 5. Além do sucesso nas rádios, Katy Perry é vencedora também num campo relativamente novo. Ela é a única artista que teve cinco de suas canções com venda por download (música digital comercializadas pela internet) superior a 4 milhões de cópias cada uma.
A rápida ascensão da jovem diva da Califórnia não está apenas ligada ao estilo chiclete de suas canções, cujas melodias grudam na memória do ouvinte. Por trás do sucesso das cinco faixas mais vendidas de Katy – “California gurls”, “E.T.”, “Hot n cold”, “I kissed a girl” e “Fireworks” – está uma artista capaz de misturar excepcionalmente bem os três elementos essenciais do pop atual: fantasia, diversão e sensualidade.
Em uma cultura musical cada vez mais apoiada na imagem de seus astros, nada melhor que uma peça de roupa memorável para sintetizar o apelo de uma cantora. Em junho do ano passado, Katy apareceu no clipe de “California gurls”, o primeiro single de Teenage dream, usando uma lingerie mirabolante. Seguindo os passos da veterana Madonna, que em 1990 chocou o público de sua turnê Blond ambition com seu sutiã de cone desenhado por Jean Paul Gaultier, Katy inventou um corpete em que cada bojo sustentava uma lata de spray. Delas saíam longos jorros de chantili. Pode parecer de mau gosto, mas a pose jocosa de Katy fazia com que apenas risadas acompanhassem seu espetáculo sexy-amalucado.
No mesmo mês, Lady Gaga apareceu na capa da Rolling Stone americana usando um sutiã de metralhadoras. A diferença de estilo entre as duas cantoras não poderia ser mais bem explicitada. Enquanto Lady Gaga levanta bandeiras pela causa gay e faz polêmica com seu visual bizarro, Katy Perry é igualmente produzida, mas sua luta é pelo bom humor adolescente.
Há uma década, quando estava na idade da maioria de suas fãs, Katy Perry não tinha nenhuma proximidade com o mundo em que vive hoje. “Se a minha versão adolescente pudesse me ver agora, acho que ela ficaria empolgada, pasma e diria: ‘Coloque algumas roupas’”, disse Katy ao jornal americano New York Times. Filha de dois pastores evangélicos convertidos (sua mãe diz ter tido um caso com Jimi Hendrix na juventude e seu pai foi amigo de Timothy Leary, o lendário defensor do LSD), Katy cresceu quase sem ouvir música que não fosse de igreja. Aos 15 anos, lançou seu primeiro disco como Katy Hudson, uma compilação de louvores religiosos como “Oh happy day”. Foi um fiasco que acabou levando a jovem Katy a ir morar sozinha em Los Angeles – uma mudança decisiva para ela. “Foi como descobrir que o mundo era redondo”, disse ela ao New York Times sobre entrar em contato com o mundo fora da comunidade cristã.
Foram diversas recusas e quebras de contratos até ela conseguir se lançar como uma cantora pop – já com a polêmica como parceira. Em 2007, saiu a primeira faixa do disco One of the boys, “Ur so gay”, uma canção autobiográfica sobre um ex-namorado metrossexual que tinha como refrão o verso Você é tão gay/e você nem gosta de garotos. A música causou comoção pela letra que beirava o politicamente incorreto e, principalmente, por ter sido elogiada por Madonna. Foi o maior hit de One of the boys, que, no entanto, deixou os pais de milhões de garotas preocupados. “I kissed a girl” era uma confissão esclarecida e despojada de uma garota sobre sua primeira experiência homossexual. Dizia: Eu beijei uma garota/e eu gostei/espero que meu namorado/não se importe. Uma igreja cristã americana chegou a protestar contra a música de Katy, colocando um painel em frente a sua sede com os dizeres “Eu beijei uma garota. Eu gostei. E depois eu fui para o inferno”. Revoltas à parte, a irreverência rendeu a Katy um dos maiores êxitos comerciais da última década. “I Kissed a girl” foi a música mais tocada por semanas em pelo menos 20 países.
“Fiquei vidrado quando ela apareceu com aquele estilo meio pin-up”, afirma o recifense Leandro Brayner, de 22 anos, responsável pelo katyperry.com.br, o site oficial da cantora no Brasil. “Os jovens de hoje se identificam com as músicas dela, feitas para divertir e pensar sobre a vida. Esses temas polêmicos ajudam uma geração cada vez mais curiosa, que quer experimentar as coisas do mundo.” A simpatia e atenção de Katy com os fãs é uma de suas marcas registradas. Seu principal canal de comunicação com eles é o Twitter, onde tem 8,8 milhões de seguidores. De vez em quando, personaliza as mensagens: Katy gravou um vídeo de agradecimento especialmente para seus admiradores brasileiros depois que o site de Leandro Brayner, que recebe 8 mil visitas por dia, fez uma promoção para homenageá-la em seu aniversário. Brayner e seus colegas estão há alguns meses se preparando para a vinda de Katy ao Brasil com promoções, vídeos e outros conteúdos.
“Vai ser um showzaço”, diz o presidente e diretor artístico do Rock in Rio, Roberto Medina. “Ela é fenomenal. Há artistas talentosos que quando se apresentam num palco grande como o do festival desaparecem, mas o que ela faz é um espetáculo”, diz. Roberto conta que sua apresentação será uma das mais produzidas do evento, com cenários e diversos figurinos. Será uma adaptação do show da turnê California dreams, que ela iniciou em fevereiro deste ano e que já passou por países da Europa, Oceania, Ásia e América do Norte. No dia 25 de setembro, Katy se apresenta em São Paulo, na Chácara do Jockey. Os ingressos para o Rock in Rio já se esgotaram, mas ainda é possível comprar entradas para o show de São Paulo.
Só no fim de novembro Katy Perry poderá descansar e voltar para casa, em Los Angeles, onde seu marido, o comediante inglês Russell Brand, de 36 anos, com quem a cantora se casou em 2010, a espera. Foi com a ajuda de Katy Perry que Brand, amigo próximo de Amy Winehouse, se livrou da heroína. Isso sugere que a hit maker sensual tem mais substância e determinação do que suas canções provocativas sugerem.
Posted by Viviani Corrêa
@ segunda-feira, 8 de agosto de 2011
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