Dorival Caymmi, Tom Jobim, Luiz Gonzaga, o maestro Rogério Duprat e até
Jimi Hendrix foram alguns dos ilustres convidados para a festa promovida
por Gilberto Gil no palco do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, na
noite desta segunda-feira (28). Prestes a completar 70 anos, o músico
baiano reverenciou seus ídolos de maneira póstuma ao mesmo tempo em que
releu alguns clássicos de seu próprio cancioneiro ao longo do
emocionante show comemorativo "Concerto de cordas e máquinas de ritmo",
que realizou junto da Orquestra Petrobras Sinfônica.
O projeto faz parte da série MPB & Jazz, idealizada pelo maestro
Wagner Tiso e pela produtora Giselle Goldoni Tiso. Criada há oito anos,
já homenageou gente como Paulinho da Viola, Edu Lobo, Guinga, Noel Rosa e
Ataulfo Alves, entre outros. Em 2012 foi a vez de Gilberto Gil, que
aproveitou a ocasião e recrutou o diretor Andrucha Waddington para
filmar o espetáculo, que vai virar DVD pela Conspiração Filmes.
Sob a regência de Carlos Prazeres e Jaques Morelenbaum, a orquestra deu
atmosfera grandiosa aos clássicos "Saudade da Bahia" e "Outra vez", de
Caymmi e Jobim, respectivamente. E valorizou a obra do cantor baiano. As
baladas "Estrela" e "Quatro coisas" (esta última em homenagem à esposa,
Flora) ficaram ainda mais delicadas; "Domingo no parque" aproximou-se
de sua versão original, gravada junto dos Mutantes e com arranjos do
maestro Rogério Duprat (1932-2006) em 1967; "Oriente", que em 1972 foi
lançada no formato "voz e violão", ganhou tom solene e dramático. No
total, foram 13 as canções orquestradas, dentre elas a inédita "Eu
descobri".
Mas Gil também fez bonito quando cantou acompanhado apenas da banda
formada por Morelenbaum (violoncelo), Nicolas Krassik (violino), Bem Gil
(violão) e Gustavo di Dalva (percussão). Foi o caso de "Juazeiro" (de
Gonzagão e Humberto Teixeira), "Eu vim da Bahia" e "Up from the skies",
de Jimi Hendrix. Também com a banda tocou a outra inédita da noite,
"Futurível".
"Compus essa canção na cela de uma cadeia, como diz uma certa música de
Caetano Veloso", disse Gil, relembrando os tempos em que esteve preso e
como ficou surpreso ao ser gentilmente atendido depois de pedir um
violão a um militar na prisão.
O baiano tamém ousou em alguns momentos. Em "Lamento sertanejo",
parceria com Dominguinhos, foi acompanhado somente pelo cello de
Morelenbaum, além de seu próprio violão. Citou "Ponteio" (Edu Lobo),
grande vencedora do III Festival de Música Popular Brasileira da TV
Record, durante "Expresso 2222". E lançou-se a capella, batendo nas costas do instrumento, em uma sinistra versão para "Não tenho medo da morte".
'Judiação'
Ao fim do espetáculo — exibido em telões montados do lado de fora do teatro, na Rua Treze de Maio —, o cantor se disse satisfeito com o próprio desempenho, além das performances dos músicos e da plateia. "Esse entusiasmo que eu tenho com a música ficou muito evidente. A orquestra estava impecável, e o público estava receptivo, atento. Foi um show muito bom e uma noite muito interessante", destacou o cantor durante um rápido bate-papo com alguns jornalistas.
Gil lamentou apenas a dura tarefa de cortar músicas do repertório
final, como "Esotérico" e "Seu olhar". "Ah, meu filho, são 500 e tantas
músicas que precisei espremer num repertório de 20 canções. É uma
judiação, né?"
Sobre a experiência de se apresentar com uma sinfônica, descreveu:
"Orquestra tem aquela variedade de cores que remetem a situações, a
paisagens naturais e humanas. Tem um peso enorme na formação cultural do
planeta. As orquestras são maiores do que os parlamentos", brincou o
cantor.
Posted by Viviani Corrêa
@ quarta-feira, 30 de maio de 2012
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