Banda transforma Kings of Leon, Foo Fighters e MPB em 'samba house'

No início do ano passado, em Ribeirão Preto (SP), músicos de pop rock resolveram trocar guitarras por cavaquinhos. Era só por algumas horas, nos ensaios de uma festa. Sem avisar, um amigo DJ soltou meia-dúzia de batidas eletrônicas.

"Começou como um samba para desestressar. Foi assim que criamos o samba house. O termo traduz o nosso som. É o suingue do samba rock e as batidas da eletrônica", define Luciano Tiso, vocalista do grupo Oba Oba Samba House. Hoje, o quarteto paulista lota 20 shows por mês e acaba de lançar o primeiro disco por uma grande gravadora, a Sony Music.

A fórmula do Oba Oba é simples: músicas conhecidas de vários gêneros são tocadas em versões levemente eletrônicas. São acompanhadas por composições próprias, no mesmo rumo. O quarteto é como um Emmerson Nogueira das pistas de dança.

Hits da MPB ("Mas que nada", "Malandragem dá um tempo", "Não quero dinheiro") convivem com covers roqueiros com versões de Foo Fighters, Kings of Leon e Red Hot Chili Peppers. As vinhetas eletrônicas dos shows são criadas pelo produtor Fernando Deeplick, conhecido por ter feito remixes para Vanessa da Mata. A mistura agradou. Luciano afirma que hoje o grupo é dono do "segundo ou terceiro melhor cachê do Brasil no segmento samba".

O vocalista, ex-calouro de programas de TV, conta que não teve problema com a liberação das canções para regravação. "O artista tem que dar o aval. Todas que pedimos conseguimos. Estávamos com medo de 'Use somebody', 'Fly away' [Lenny Kravitz], mas rolou. São clássicos. Mexer no que deu certo é perigoso", reconhece. No caso de Jorge Ben Jor, o Oba Oba partiu para o corpo a corpo. "Trombamos com ele no aeroporto e ele disse ter adorado as versões. Temos coragem."

Empresário do rei aprovou
A maioria do público do Oba Oba está no interior de São Paulo e de Minas Gerais. Mas a banda também tocou em um famoso navio. Dody Sirena, que gerencia a carreira de Roberto Carlos, descobriu o grupo pela internet e quis um pouco de samba house no famoso cruzeiro do rei. "Tocamos lá e foi lindo. Roberto Carlos é uma pessoa iluminada", enaltece Luciano.

Para o homem de frente do Oba Oba, o sucesso veio porque a banda buscou algo diferente. "Vemos muita coisa igual na música brasileira. Ligamos a rádio e não conseguimos diferenciar uma coisa da outra. Nosso projeto é ousado." Do alto do palco, ele repara: o público é o mesmo do sertanejo universitário. "Gostam de cantar junto, dançar, ver gente bonita. Não têm preconceito. São antenados. O sertanejo universitário só é mais repetitivo."

Aos que não gostaram tanto da mistura de eletrônica com samba rock e sertanejo, o moço tem um aviso. "O samba house vai virar uma tendência. Eu tenho certeza que isso vai acontecer. Eu faço uma pesquisa na internet e vejo muita gente indo para esse segmento. Muitas outras bandas vão chegar mais longe do que a gente", arrisca.

 


Posted by Viviani Corrêa @ terça-feira, 5 de junho de 2012 0 comments

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