“Já bati tanto na trave”, resume o
ítalo-brasileiro Paolo sobre sua trajetória na música. Aos 50 anos,
depois de nove discos e inúmeros quases, o cantor conseguiu uma espécie
de gol de placa. “Tanta coisa”, canção composta por ele há dois anos, entrou na trilha sonora de “Avenida Brasil”,
novela da Rede Globo, que termina nesta sexta-feira (19). Ele passou a
ser assumidamente fã. “Fiquei viciado. Gravo e não perco um capítulo",
conta.
A canção começou sendo tocada no salão de beleza da Monalisa, personagem
de Heloisa Perissé. Tempos depois, passou a embalar o romance entre
Tessália e Darkson. Paolo não acredita em sorte, mas concorda que desta
vez seria impossível negá-la. “Vibrações positivas levaram a ser um
negócio muito legal. A canção se encaixou nos personagens. Ela tem a
ver, porque o Darkson com toda a cara de garotão malandro teve a
inocência e a pureza de provar que era um cara legal: ‘Esse olhar de lua
crescente, sorriso inocente do sim’ [recita trechos da composição]. Já
tive tanta coisa que deu errado.”
A trama rendeu projeção e uma musa para a composição. Embora satisfeito com a atuação da atriz Débora Nascimento,
ele não disfarça certa predileção por outra beldade do Divino. “Ela é
bonita, mas tem também a Suelen [Isís Valverde]. Mas estou feliz com a
Tessália, espero que ela goste da musica”, brinca o cantor.
A voz de Paolo não é uma novidade em trilhas de novelas. A pedido do
diretor Silvio de Abreu, regravou “Malafemmena”, um clássico italiano
que foi tema do casal Totó (Tony Ramos) e Clara (Mariana Ximenes) na
novela “Passione”. “Eu tinha uma esperança, mas essa música realmente
não aconteceu. Para estourar de vez tem que ser em português, no máximo
em inglês", analisa.
Animado com o sucesso repentino, ele pretende mensurar o efeito
pós-Carminha no show que fará em São Paulo no dia 25 de outubro. “Eu
estou descobrindo um público novo cantando em português.” Como cantor de
músicas italianas ele revela que atingia um estrato social muito
restrito. “Era um público mais elitizado e mais velho. Agora toco em
todo tipo de rádio. O sonho de todo artista é ser um cantor popular.”
O novo trabalho recebe o nome da música que o consagrou, e insiste no
romantismo. As 18 canções do disco falam de amor e relacionamentos
(sofridos). Embora não se considere um homem romântico no dia a dia,
como cantor ele acredita ser essa sua vocação.
“Se você falar um milhão de vezes em amor, não estará se repetindo",
garante. "É um estilo de composição, é o jeito que eu sei fazer. Até
tento fazer algo sobre política, futebol, mas não rola. O que eu sei
escrever é isso ai. Casa bem com minha voz, até quando eu vou escolher
regravações elas são românticas.”
No disco ele regrava “Quando te vi”, sucesso na voz de Beto Guedes, “Eu não existo sem você”, canção de Vinicius de Moraes e Tom Jobim,
e “Brincar de viver”, de Guilherme Arantes. O show ganha reforço de
outras releituras: ele promete uma versão de “Sozinho”, música de
Peninha que ganhou fama na voz de Caetano Veloso, “Sina”, de Djavan, e “Amor perfeito”, clássico de Roberto Carlos, além das músicas italianas essencialmente melosas.
Solteiro, Paolo investe numa postura e figurino descolados, e acredita
ser “mais conservado do que aparento”. Sofreu pequenos assédios de fãs,
segundo ele, por conta de seu timbre vocal. Diz que já ouvi declarações
do tipo: “gostaria de acordar todo dia com essa voz”, e ganhou algumas
“beliscadas”. “Elas brincam, mas nada que passe do limite. Nunca tive
problema com coisas que eu não pudesse controlar. Por enquanto ninguém
jogou sutiã pra mim. Ainda não tive esse prazer.”
Posted by Viviani Corrêa
@ terça-feira, 16 de outubro de 2012
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