E lá se vão mais de três décadas e meia desde que os membros do Kiss pintaram seus rostos pela primeira vez. O que justifica o título oficial da turnê que chega ao Brasil no próximo dia 7: "Alive/35", em referência aos 35 anos de vida do quarteto e ao famoso álbum ao vivo "Kiss Alive".
A maquiagem é a marca registrada, mas não única, de uma banda que, como o próprio rock and roll, se recusa a envelhecer. Mas apesar de todo o marketing que envolve o grupo formado em Nova York, é a música, e só ela, o que garante sua longevidade acima de tudo.
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"A banda é a música. Mesmo se tocássemos de jeans e sem maquiagem, nossas canções seriam igualmente admiradas", define Paul Stanley, guitarrista e vocalista (e único remanescente da formação original além de Gene Simmons, baixo e voz). Hoje a banda é complementada por Eric Singer (bateria) e Tommy Thayer (guitarra), que substituem respectivamente Peter Criss e Ace Frehley.
O repertório da atual excursão é calcado nos primeiros álbuns, fase mais cultuada do grupo. "Nossos fãs querem isso, e é isso que vão ter", garante Stanley. "Eles querem o Kiss original. Mais: querem ser o Kiss, vislumbram a si mesmos como cada um dos integrantes. Por isso repetimos as maquiagens da primeira formação".
As personas encarnadas no palco através das máscaras e roupas de cada um dos líderes do grupo condizem com suas composições. Simmons é o Lagarto-Morcego, o cuspidor de sangue; suas músicas são mais agressivas, de riffs mais duros. Stanley é o Filho da Estrela, mais melódico, uma figura quase andrógina. Os reservas Singer e Thayer incorporam os personagens que antes eram de Criss (o Homem-Felino) e Frehley (o Homem do Espaço).
Para o Brasil --10 anos depois da última passagem, quando o Rio não foi incluído no itinerário-- as performances incendiárias, efeitos cinematográficos e cenários grandiosos estão garantidos. Em 1998, ocasião da excursão "Psycho Circus", o espetáculo contou até com óculos 3-D distribuídos aos espectadores.
"Será inesquecível, não se preocupem", avisa Stanley ao público brasileiro. "Continuamos dando nosso melhor no palco. Não mudamos quase nada em relação aos nossos shows mais clássicos. Todas as músicas mais especiais dessa trajetória estarão no show".
Trajetória esta que começou em 1972 e envolve 18 álbuns de estúdio, oito ao vivo e mais de uma dezena de compilações. Cerca de dez anos depois da estreia em disco, o Kiss veio pela primeira vez ao Brasil, um país ainda pouco acostumado com o circo do rock and roll mundial.
Muito por causa do visual alucinante --principalmente o de Simmons-- surgiram lendas urbanas sobre o sacrifício de animais no palco (os saltos de 10 centímetros serviriam para esmagar pintinhos) e o suposto satanismo dos integrantes. Apesar (ou por causa) disso, o Kiss ganhou, e tem até hoje, a simpatia do público infanto-juvenil.
Obviamente, neste percurso o quarteto enfrentou altos e baixos e períodos de maior ou menor sucesso, mas não é à toa que está aí até hoje, angariando fãs de novas gerações. "Se até hoje continuamos a ser relevantes, é porque temos algo a oferecer", define o guitarrista.
Tudo no Kiss pode cheirar a marketing. Mais que as centenas de produtos licenciados por eles com a marca do grupo, o segredo é a capacidade do quarteto de se reinventar. Quando a popularidade começou a ficar em baixa, em meados dos anos 80, eles passaram a se apresentar sem maquiagem (até então, eles nunca se mostravam em público de cara lavada).
Anos depois, quando foram convidados para gravar um "Acústico MTV", sacaram outra da manga: chamaram os membros originais Ace e Peter, demitidos anos antes, de volta. Outros fatores que cercam a banda, entretanto, parecem não mudar nunca. Entre eles, o frenesi dos fãs --muitos deles certamente usando pinturas faciais idênticas à dos músicos no palco.
Quando os alto-falantes detonarem a locução oficial de abertura desde os primeiros shows ("Vocês queriam o melhor e conseguiram... a banda mais quente do mundo, Kiss!"), é hora da massa explodir, afinal. "Preparem-se. Garanto que será melhor que das outras vezes que estivemos no Brasil", conclui Stanley.
via UOL musica
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